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DESIGUALDADE

Análise | “Brasil, um gigante com pés de barro”: a negação da educação e da tecnologia

A classe dominante brasileira sustenta um um governo que nos transforma cada vez mais um país gigante com pés de barro

19.out.2021 às 08h35
São Paulo (SP)
Gaudêncio Frigotto

Volta as aulas - Distrito Federal - Arquivo Agência Brasil/EBC

Educação de qualidade e investimento em ciência e tecnologia são duas das condições basilares para se construir uma nação autônoma e soberana e uma sociedade que não se caracterize pela alta concentração de riqueza e renda na mão de poucos e uma grande massa de pobres e miseráveis. O caminho percorrido pela classe dominante brasileira foi historicamente oposto. Associou-se, de forma subordinada, mas vantajosa para poucos, aos centros hegemônicos do sistema capitalista. Uma classe, como observava Caio Prado Junior, que sempre foi afeita à cópia, ao endividamento à custa do povo e a uma assimetria descomunal entre seus ganhos e os da classe trabalhadora. Para este projeto societário a educação pública de qualidade no nível básico e superior e o investimento em ciência e tecnologia não são prioridades. Pelo contrário, a sua negação sistemática é condição política de sua dominação e de seu enriquecimento espúrio.

Florestan Fernandes, em várias obras, desvela os traços constitutivos do projeto econômico e político da classe dominante brasileira onde a negação sistemática de grandes parcelas da população à educação básica e superior de qualidade e o baixíssimo investimento em ciência e tecnologia nos definem como um país gigante com pés de barro. Nos países onde houve a revolução burguesa clássica, demonstra-nos Florestan, as classes dominantes entenderam que para construir nações autônomas era imprescindível desenvolve sistemas educacionais sólidos, com a universalização da educação básica, amplo o ao ensino superior e grande investimento em ciência básica e desenvolvimento de tecnologia. Com isto formaram, também, classes trabalhadoras preparadas para o trabalho complexo e com uma formação que lhes dava condições para se organizarem e de não serem superexploradas. Como consequência, construíram sociedades menos desiguais e injustas e mais estáveis.

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Por isto Florestan, em sua análise histórica da classe dominante brasileira, não a a define como uma classe com as características das burguesias que efetivaram revoluções burguesas clássicas, mas a entende como sendo uma plutocracia. Vale dizer, a dominação exercida pelo poder político de um punhado de ricos, “uma minoria prepotente” e cuja riqueza vem, por um lado, pelo assalto privado do fundo público e, por outro, por um Estado que protege a superexploração dos trabalhadores pelo patronato. Se for verdade, e o é, que em todo nosso processo histórico houve luta e alguns direitos foram conquistados pela classe trabalhadora, toda vez que há riscos de perda de privilégios do punhado de ricos prepotentes, os mesmos valem-se da mão armada do Estado e do arbítrio da lei para deflagra ditaduras ou golpes. Ditaduras e golpes que, sob a força do arbítrio, da ameaça, da perseguição e morte de lideranças, revogam os parcos direitos conquistados pela classe trabalhadora.

Mais de três décadas sob ditaduras ao longo do Século XX e golpes institucionais que, salvo curtos períodos, nos mantém num estado de exceção permanente sob o poder de uma minoria de ricos e que impede, não só mudanças estruturais mais profundas da ordem capitalista, mas pequenos ganhos da classe trabalhadora. A constituição de 1988 não postula nenhuma mudança do regime capitalista, mas tinha em seu bojo um conjunto de dispositivos que permitiriam alguns avanços no âmbito econômico, social e educacional, dentre eles o controle social da mídia empresarial e taxação do latifúndio. Desgraçadamente a Constituição começou a ser negada em seguida com “golpe das políticas neoliberais da década de 1990. Resulta daí uma sociedade de perversa concentração da propriedade e riqueza que não provém do trabalho, mas de um poder despótico dos ricos. O latifúndio brasileiro, que mantém metade das terras de um país continental na mão de 1% dos proprietários, é o exemplo estrutural mais emblemático disto e que tem suas raízes na escravidão e na matança, até hoje, de lideranças que lutam pelo direito à terra.

Na primeira década do Século XXI o apoio de forças políticas, sindicais, movimentos sociais e culturais à candidatura de presidência do Brasil, pela quarta vez, de Luiz Inácio Lula da Silva, indicava a possibilidade de sua vitória. Diante disto, antes mesmo de sua eleição, a “minoria prepotente” começou a impor-lhes condições para que, na eventualidade de ganhar, pudesse governar. Eleito, em seus dois mandatos, teve a capacidade de pautar políticas de o a emprego e renda, de inclusão de amplos grupos na educação com a criação de meio milhão de Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia e criação de uma dezena e meia de universidades públicas com ampliação significativa de recursos para a ciência e tecnologia. Políticas de o à luz, água, moradia e uma política externa de não alinhamento subalterno, ampliando as relações na América Latina e, mundialmente, membro ativo dos BRICs (grupo formado por – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com poder de influenciar a geopolítica mundial. Política, em grande parte seguida pela sua sucessora Dilma Rousseff.

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A inclusão de quilombolas, indígenas, filhos de pequenos agricultores e jovens de classe popular no ensino médio e no ensino superior; a possibilidade de o a carro e a viagens de avião por grupos do meio popular e, da mesma forma o desenho de uma geopolítica não subalterna, tornou-se inável à classe dominante brasileira e setores da classe média. Aflorou de forma virulenta o DNA escravocrata, racista, moralista e autoritário e, arquitetaram, com participação de apoio dos parceiros imperialistas históricos, um golpe de estado mediante a junção de forças políticas, jurídicas, midiáticas e militares. Golpe que se consumou em agosto de 2016. Mas nem mesmo estas forças imaginaram que entregariam o poder à extrema direita cujo projeto político, econômico e social se pauta por concepções de práticas neofacistas.

O mundo nos vê hoje como a sociedade onde se pratica o capitalismo mais selvagem no plano político, econômico, cientifico e educacional. Nenhum país do mundo está privatizando as riquezas nacionais, o assalto ao fundo público e o desmantelamento da educação pública e da ciência e tecnologia como o Brasil. Política praticada por um governo que explicitamente governa para os ricos e produz uma realidade social impiedosamente cruel e desumana. Ao mesmo tempo pequenos grupos ou indivíduos aumentam suas propriedades e riqueza, e alguns ando, em plena pandemia, a figurar entre os bilionários do planeta. Bilionários que como o “patriota” tosco Luciano Hang, eleito pela Forbes 21, como o mais rico do Brasil, põe o lucro da exploração dos trabalhadores em paraísos fiscais para não pagar imposto. Mas nada mais explicitamente aético do que as duas autoridades maiores que orientam a política econômica do país, o ministro da economia e o presidente do Banco Central com contas robustas em dólar, em paraísos fiscais, igualmente para não pagar imposto.

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Nos últimos dias o desmonte das bases constitutivas da nação, educação pública universal, gratuita e laica e ampla produção de ciência básica e tecnologia própria foi no limite inimaginável, se é que a insensibilidade e crueldade humana têm limites. O governo Bolsonaro, por sua equipe econômica, pede para cortar 87% do exíguo orçamento para a ciência e tecnologia. Isto significa que dos 680 bilhões previstos, restam 89 bilhões. Decreta-se, assim, não apenas a perda de pesquisas em andamento, mas a estagnação do desenvolvimento cientifica e tecnológico. E qual é a área que recebeu maiores cortes no orçamentos? Não por mera coincidência foi a área de educação que além de sofrer um corte de dois bilhões e duzentos milhões, teve, em Abril deste ano, um bloqueio de 30% de seus recursos. Aqui se está negando, na raiz, a formação ampla de novos pesquisadores, pois é desde a educação básica que se desenvolvem os novos pesquisadores e cientistas.

A prova de que a insensibilidade humana não tem limites é o veto de Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes para adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade em medida aprovada pelo Congresso, com a justificativa que não havia indicação de fonte para financiar. E qual a resposta do presidente à reação na sociedade que deverá levar derrubada do veto? Seria, talvez, a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas previsto na Constituição de 1988 ou a cobrança de milionários com dinheiro com dinheiro em paraísos fiscais e devedores, em conjunto, de bilhões em impostos? Não, o minifúndio a diminuir são duas áreas que tem que ver com direitos humanos fundamentais – saúde e educação. E recado é do chefe de nação: “ Se Congresso derrubar o veto, vou tirar dinheiro da Educação e da Saúde”.

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A síntese de Florestan, feita há décadas, ganha hoje um realismo sem precedentes. A classe dominante brasileira, pequena, autoritária, racista, moralista, anti povo, anti classe trabalhadora, humanamente rasa e insensível sustenta, no presente, um (des) governo que nos transforma cada vez mais um país gigante com pés de barro.

*Gaudêncio Frigotto é filósofo e pedagogo, mestre e doutor em Educação. Professor titular, aposentado, na Universidade Federal Fluminense e, atualmente, professor associado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

 

 

Editado por: Vivian Virissimo
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