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Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

Dormir pouco, sonhar muito

São os tempos pessoais cheios de problemas, mas profundamente ligados aos problemas do mundo

Noite calma, às duas da madrugada de 27 de maio de 2025, com medo de esquecer  até de manhã o título do artigo-coluna que veio na cabeça de repente, começo a escrever dentro de um hospital em Santa Cruz do Sul. São os tempos pessoais cheios de problemas, mas profundamente ligados aos problemas do mundo.

Roço os dedos no antebraço e dou-me conta que a faixinha de identificação, já toda amassada, da 17ª Conferência Nacional de Saúde, acontecida em Brasília de 2 a 5 de julho de 2023, com o tema ‘Garantir direitos e defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia’, ainda está viva  e presente, junto com as faixas de identificação da internação hospitalar.

Os tempos estão difíceis em muitos sentidos, mas é fundamental resistir. Como dizia no seu tema a Conferência de Saúde de quase dois anos atrás, fundamental naquele momento da história brasileira e da participação social e popular nas políticas públicas.

GARANTIR DIREITOS: nada mais justo, urgente e necessário, lembrando da população mais pobre, da população de rua, da população negra, do povo LGBTQIA+, de recicladores e recicladoras, dos indígenas, das (os) moradoras (es) das periferias, e de trabalhadoras e trabalhadoras do Brasil, da América Latina, Caribe e mundo.

DEFENDER O SUS: Por estes dias, o clamor é geral. Os hospitais e as unidades básicas estão todos-as superlotados (as), as pessoas, os mais  pobres entre os pobres, ao contrário do meu caso, sem conseguir pagar do seu bolso o atendimento, esperando em filas por horas e muitas vezes nem são atendidas. O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista histórica da luta das (os) militantes, mas muitas vezes não tem conseguido dar conta das enormes urgências e necessidades.

GARANTIR A VIDA: A vida das mulheres corre risco todos os dias, com dezenas de feminicídios, os jovens perdem sua vida, a vida está em perigo por todos os lados, com e sem saúde.

GARANTIR A DEMOCRACIA: Não é só no Brasil, é no Oriente Médio, é na Ásia, em diferentes países da América Latina e Caribe, na África. A democracia está correndo sério risco, está ameaçada de morte pela ultradireita e pelo ultraneoliberalismo.    

AMANHÃ VAI SER OUTRO DIA: Eu, um sempre franciscano e militante da vida e da boa luta, permaneço muitas vezes na dúvida e na incerteza ante tanta loucura e insanidade acontecendo no mundo, ameaçando o povo, destruindo espaços democráticos. Mas todo dia amanhece, o sol brilha e assim será amanhã, ou depois de amanhã, com a paz, a igualdade, a soberania,  a justiça social, o pão na mesa de todas e todos, a democracia em pleno vigor.

DORMIR POUCO: Mas dormir de olhos, coração e espírito sempre abertos, mesmo na madrugada, sem saber bem como vai ser o dia seguinte, qual o futuro que espera a humanidade.

SONHAR MUITO: E sempre, com Formação na Ação, todos os dias, fé e coragem, envolvendo famílias, comunidades, Pastorais sociais, movimentos populares.

Só temos uma vida.

Não é tempo de dormir,

mas é tempo de sonhar.

É tempo de abrir os olhos,

é tempo de refletir,

é tempo de esperançar.

O tempo é feito de dias, noites, madrugadas,

cansaços e ternura.

Cada dia é um novo dia,

cada dia é solidariedade,

cada dia é olhar para frente.

Não se joga fora a noite.

A noite é de trocar ideias,

de olhar a lua,

de irar as estrelas,

de dar a mão para outra mão

que está do lado, junto, abraçada.

É preciso paz, com urgência.

É preciso fraternidade.

Os abraços chegam com força,

As palavras umedecem o cotidiano.

AMANHÃ VAI SER OUTRO DIA!

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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