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OPINIÃO

Artigo | Macali e Brilhante inspiram criação do MST

Ocupações representaram o despertar para um novo momento histórico da luta pela terra no RS e no país

30.ago.2019 às 17h57
Porto Alegre (RS)
João Carlos Tedesco
Trabalhadores sem terra na Encruzilhada Natalino, ao sul da Fazenda Sarandi, na entrada da gleba Macali

Trabalhadores sem terra na Encruzilhada Natalino, ao sul da Fazenda Sarandi, na entrada da gleba Macali - Foto: Arquivo MST

Os movimentos surgidos pelas ocupações das fazendas Macali e Brilhante e a existência de muitos camponeses que se tornaram sem terra no norte do estado, aos poucos, vão definir um outro grande movimento social que será referência em nível de Brasil, o da Encruzilhada Natalino.

Leia as partes anteriores desse artigo:

A ocupação da granja Macali: marco na luta camponesa no norte do RS – parte 1

 

A ocupação da granja Macali: marco na luta camponesa no norte do RS – parte 2

As estratégias e lutas começaram em janeiro de 1981 na dita Encruzilhada Natalino, ao sul da Fazenda Sarandi, na entrada da gleba Macali. No início, sua adesão foi paulatina e a visibilidade pública e midiática também aquém e muito distante do que se transformaria pouco tempo depois. Em julho de 1981 já eram 600 famílias acampadas reivindicando terra no estado. Em termos geográficos, a Encruzilhada permitia um entroncamento entre as estradas o Fundo-Nonoai e Ronda Alta-Sarandi no interior da Fazenda Sarandi. O acampamento, nessa conjuntura de abertura, de certa ojeriza social em torno da estrutura militarizada da sociedade, bem como da histórica luta regional pela reforma agrária, em especial na Fazenda Sarandi, aria a ser expressivo da conjuntura política e do cenário regional dos conflitos sociais, das contradições fundiárias na região.

Esse acampamento torna-se de grande expressão, pois, além de agregar vários outros que estavam presentes e isolados no momento, permite uma maior visibilidade da questão da terra no Estado, das políticas repressivas do governo militar decadente, da participação ativa e inédita de grupos de apoio da Igreja Católica e de outras entidades ligadas aos direitos humanos, ao mundo acadêmico, a agremiações políticas que estavam se recompondo no país, bem como de ser uma luta que expressava certo grau de maturidade histórica em razão de uma temporalidade já presente na região.

Sofridas experiências e promessas e mais promessas fizeram aumentar a força, organização e convicção do Movimento. Aliada a esses processos todos, fez-se presente a mística da luta pela terra, a terra como dom de Deus para todos, mediação da Igreja Católica como fundamental nessa realidade e nas tentativas de solução dos conflitos internos.

É bom dizer que, no período, a Fazenda Sarandi não representava apenas um espaço do latifúndio, ainda que esse fosse sua marca registrada. Grandes proprietários, pequenos camponeses, em geral descendentes de imigrantes europeus e com características de agricultura familiar, índios caingangues de algumas reservas em seu entorno, posseiros, arrendatários, madeireiros, assalariados rurais, dentre outros, a compunham.

O Acampamento da Encruzilhada Natalino ou por várias fases, que vão da sua constituição lenta até metade de 81, intervenção militar-federal, assentamento provisório em 82 até o assentamento definitivo em outubro de 83. Dentre os fatos mais expressivos dessas fases encontram-se a capacidade que o Movimento teve de chamar a atenção da esfera pública e política do estado e do governo federal, do Incra, das forças de repressão, dos latifundiários locais como medo de invasão em suas terras.

Os conflitos internos foram inúmeros; é impossível elencá-los aqui em sua totalidade e abrangência. Apenas enfatizamos que muitos deles giravam em torno de questões como: as opções em ficar ou ir para projetos de colonização, a presença do coronel Curió como expressão e representante das forças de repressão, as lutas por hegemonia interna de grupos sob influência externa, ações midiáticas, políticas e militares no sentido de deslegitimar e desqualificar o movimento qualificando os seus membros de vagabundos, preguiçosos, aproveitadores, agitadores da ordem e da desordem da propriedade; repressão policial ostensiva e simbólica; mística religiosa (cruz, sofrimento, morte, esperança, a fome, a junção entre fé e política assumidas coletivamente). Campanhas e mais campanhas foram organizadas no campo solidário por igrejas, universidades e sindicatos; inédito levantamento de várias fazendas na região, em outras partes do estado e em várias regiões do país para efeito de reforma agrária – processo esse feito com a presença de representantes de sem terra -; tentativa de ocupação de várias fazendas na região, dentre elas a Annoni e a Santa Rita; conflitos e divisões internas em termos de área a quem deve ser dada a prioridade de assentamentos; intensas ritualizações por ocasião do dia do agricultor (25 de julho 81); acampamentos em Porto Alegre em frente ao Palácio Piratini; ostensiva intervenção militar federal justificada como área de segurança nacional para combater focos de tensão social no campo; divisão do acampamento entre os que decidiram ficar e os que queriam partir para o Mato Grosso; posição de bispos em prol da justiça social no campo e muitas eteceteras.

Enfim, o Acampamento de Encruzilhada Natalino não encerra um processo de luta, ao contrário, abriu muitas possibilidades. Demonstrou ser possível pela luta, pressão, organização, estratégias coletivas, mediações honestas e convictas, publicizando e convencendo a opinião pública e o próprio grupo, lançando mão de rituais religiosos e políticos, dentre uma série de outros aspectos, ser possível, pela mão dos trabalhadores, alterar pelo menos alguns aspectos da injusta distribuição da terra no país.

Essa experiência colocou em xeque as propostas de colonização pelo governo, expôs os malefícios e as injustiças do grande latifúndio no estado e no país, as conquistas dos espaços políticos e da reforma agrária ainda que num cenário de militarização e consequente repressão.

Monumento em homenagem aos trabalhadores rurais sem terra na Encruzilhada Natalino | Foto – Maiara Rauber 

As ocupações das fazendas Macali e Brilhante foram um símbolo de luta pela terra no estado e no país. A partir disso, condensaram-se movimentos em prol da reforma agrária, de justiça social no campo, de políticas de incentivo à pequena propriedade familiar, permitiu, pela luta, maior cidadania no campo e no meio social como um todo. Acampamentos espalhados pelo Brasil darão sequência a esse processo de luta regional pelo o à terra, com mais organicidade e participação de entidades, assim como vão redefinir os processos e as estratégias de oposição e de enfrentamento dos representantes do latifúndio e suas instâncias mediadoras.

Entendo que os eventos da Macali e Brilhante representaram o despertar para um novo momento histórico. A cada ação ou ameaça de invasão crescia a adesão. Assim, após uma caminhada de dois anos, estava gestado o maior movimento social agrário de todos os tempos, o Movimento dos Sem Terra (MST), deflagrado a partir do acampamento de Encruzilhada Natalino.

* Professor do Programa de Pós-Graduação em História na Universidade de o Fundo (PPGH/UPF)

 

Editado por: Marcelo Ferreira
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