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JUSTIÇA AMBIENTAL

Opinião | O direito à cidade: luta de classes e catástrofe ambiental no Recife

Lutas por moradia digna, saneamento e infraestrutura são lutas de classe e por sobrevivência frente à mudança climática

23.jul.2024 às 15h00
Recife
Redação

Um dos bairros do Recife mais atingidos até o momento é o Ibura (foto), onde foram confirmadas 18 mortes - Reprodução

Tomás Agra*

Recife, uma cidade vibrante e historicamente rica, é também a cidade brasileira com maior risco de sofrer com o aquecimento global. No entanto, o verdadeiro desastre não é apenas ambiental, mas profundamente humanitário e social. Este cenário de vulnerabilidade extrema é intensificado por uma questão de classe, evidenciando como a população pobre e sem terra, tanto do campo quanto da cidade, foi sistematicamente empurrada para áreas de risco e palafitas.

No Recife a cidade tem donos. A burguesia rentista, detentora do poder urbano, molda o planejamento da cidade em prol de um modelo que privilegia uma minoria. Esta elite, observando as chuvas da segurança de seus apartamentos luxuosos da Moura Dubeux, se incomoda apenas com os transtornos temporários do trânsito causados pelos alagamentos.

Enquanto isso, a classe trabalhadora enfrenta uma realidade brutalmente diferente: espera ansiosa que o alagamento não invada suas casas, que as barreiras não desabem, que a maré não avance. Sua luta é pela sobrevivência, para não perder tudo, para não morrer, para não ser forçada a viver nas ruas. Este é o triste recorte de classe dos riscos climáticos de Recife.

Mesmo sem um polo industrial significativo, a classe operária no Recife se estabeleceu historicamente em torno da burguesia rentista e de seu grande negócio: a construção civil. Trabalhadores diversos, operários de obras e prédios, com direitos trabalhistas dispersos, vivem majoritariamente de “bicos” e são empurrados para moradias nas periferias. A luta de classes aqui assume um recorte de gênero específico, refletido nas mulheres trabalhadoras, predominantemente empregadas no serviço doméstico e no comércio.

Durante os governos Lula e Dilma houve um avanço significativo para essa classe trabalhadora, que ascendeu à classe média, com seus filhos e filhas estudando em universidades públicas e ando novos nichos do mercado de trabalho. No entanto, a crise econômica de 2008, seguida pelos governos Temer e Bolsonaro, reverteu muitos desses ganhos. A construção civil entrou em declínio e a configuração de classe mudou drasticamente com a uberização da economia e o crescimento dos trabalhos de entrega por aplicativos.

Apesar dos esforços da luta sindical e da organização social para sindicalizar este novo setor, a completa ausência de direitos trabalhistas desvincula o processo de consciência de classe da relação de trabalho tradicional. Ainda assim, essa consciência emerge de outras formas na vida comunitária da periferia, através da luta da consciência negra, das mulheres e de outras pautas identitárias, que na periferia podem incorporar a luta de classes.

Leia outros artigos de Tomás: Um raio-x do bolsonarismo no Recife

Entre o ado e o futuro: o plano da esquerda para as eleições municipais

A catástrofe ambiental iminente no Recife exacerba ainda mais essas desigualdades. As políticas públicas, historicamente orientadas pelos interesses da elite, negligenciam as necessidades das comunidades mais vulneráveis. Planos de urbanização e desenvolvimento muitas vezes desconsideram a sustentabilidade ambiental e a justiça social, priorizando empreendimentos que beneficiam a minoria rica.

É urgente uma reorientação dessas políticas. O direito à cidade deve ser entendido como um direito de todos os cidadãos, independentemente de sua classe social. Isso implica na necessidade de um planejamento urbano inclusivo e sustentável, que considere as necessidades dos mais vulneráveis e promova a justiça ambiental e social.

A luta por moradia digna, saneamento básico e infraestrutura adequada é uma luta de classe, uma luta pela sobrevivência em face da mudança climática. As comunidades nas periferias, as primeiras a sentir os impactos das catástrofes ambientais, precisam ser ouvidas e integradas nas decisões políticas e urbanísticas. A mobilização social e a organização comunitária são cruciais para pressionar por mudanças significativas.

Em última análise, o futuro do Recife depende de uma transformação profunda em sua estrutura social e urbana. É necessário desafiar o status quo, onde a elite rentista dita as regras e marginaliza os trabalhadores. A luta pelo direito à cidade é uma luta por um futuro mais justo e sustentável, onde todas as vozes são ouvidas e todas as vidas são valorizadas.

A conscientização sobre a interseção entre as questões de classe e a crise ambiental é crucial para essa transformação. A justiça climática não pode ser alcançada sem justiça social. O caminho para uma cidade mais resiliente e inclusiva a pela valorização da vida de todos os seus habitantes, garantindo que a classe trabalhadora não continue a pagar o preço mais alto pelas catástrofes ambientais e pela negligência política.

Portanto, é imperativo que políticas públicas e ações coletivas se alinhem para construir um Recife mais justo, onde o direito à cidade seja uma realidade para todos e não apenas um privilégio para poucos. A luta continua e a resistência é necessária para que possamos enfrentar e superar os desafios impostos pela crise climática e pelas injustiças sociais que assolam nossa cidade.

*Advogado, militante do MST e pré-candidato a vereador do Recife

Editado por: Vinicius Sobreira
Tags: direito à cidademeio ambientemudanças climáticasracismo ambientalrecife
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