Em Caruaru, 4º maior colégio eleitoral de Pernambuco, não há grandes novidades no cenário eleitoral há um bom tempo. Basicamente desde a redemocratização do Brasil, há quase 40 anos, os sobrenomes Queiroz e Lyra se revezam à frente da prefeitura. Este ano o sobrenome Lyra não deve estar na urna, mas a governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB), é o apoio desejado por quase todos os candidatos. Ela é aliada e principal trunfo do atual prefeito, Rodrigo Pinheiro (PSDB), mas o opositor José Queiroz (PDT) também se reaproximou da tucana.
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A governadora Raquel foi eleita prefeita de Caruaru nas duas últimas disputas (2016 e 2020), mas se alçou ao Palácio do Campo das Princesas e deixou o município nas mãos do seu vice, Rodrigo Pinheiro (PSDB). A relação entre os dois sofreu alguns atritos desde então. Mas Pinheiro sabe que sua candidatura pode se complicar sem a bênção dos Lyra. E para Raquel é fundamental manter alguém de sua confiança à frente de sua cidade natal.
A família Lyra protagoniza a política de Caruaru há décadas, tendo acumulado seis mandatos na prefeitura. O pai de Raquel, o empresário de transportes João Lyra Neto, também foi prefeito na Capital do Agreste, tendo conquistado seu primeiro mandato em 1988, ainda pelo PMDB, e voltando a ser eleito em 1996, desta vez pelo PSB. Antes dele, seu pai, João Lyra Filho, também governou a cidade em duas ocasiões (1959-63 e de 1973-76), primeiro pelo partido da ditadura (UDN) e depois pela oposição autorizada (MDB).
O principal candidato de oposição na disputa deste ano também é figurinha carimbada nas disputas locais. Com quatro mandatos concentrados na sua figura, o patriarca José Queiroz, 82 anos, foi eleito prefeito pela primeira vez ainda no fim do regime militar. No PMDB, partido de oposição aceito pela ditadura, venceu em 1982.
Ele voltaria a ser eleito nos anos de 1992, 2008 e reeleito em 2012, sempre pelo PDT. São quatro gestões em quatro décadas distintas. E agora busca a quinta eleição em cinco décadas. Nesse trajeto construiu seu filho Wolney Queiroz (PDT) como liderança, mas este concentrou sua atuação em Brasília, tendo obtido cinco mandatos como deputado federal.
As duas famílias, apesar de serem da elite econômica, fizeram suas carreiras políticas em partidos do "campo progressista", em consequência do cenário estadual. Na onda Lula, João Lyra chegou a se candidatar a prefeito pelo PT em 2004. E Raquel Lyra também foi formada no PSB, mas migrou com o pai para o ninho tucano para ser candidata a prefeita.
Desde a redemocratização, Caruaru teve nove eleições para prefeito. E se os Lyra ganharam quatro e os Queiroz três, as outras duas eleições foram vencidas por Tony Gel (2000 e 2004), ainda pelo PFL, batendo "super-chapas" que uniam os Lyra, os Queiroz e os Gomes. Posteriormente ele tentou colocar no jogo a esposa Miriam Lacerda, que chegou a ser deputada estadual, mas nunca venceu para prefeita. Hoje a família tenta construir eleitoralmente o filho Tonynho Rodrigues (MDB).
A família Gomes, liderada pelo casal Jorge e Laura, nunca venceu uma disputa na cabeça da chapa, mas Jorge já foi vice-prefeito por três mandatos, nas gestões de João Lyra (1989-1994) e de Zé Queiroz (2008-12 e 2013-2016). Sempre estiveram no PSB. Inicialmente na "sombra" dos Lyra, os Gomes assumiram o partido em 2016, quando os Lyra migraram para o PSDB.
Laura chegou a ser deputada estadual. Mas a família perdeu força, ficando duas vezes em 4º lugar na corrida pela prefeitura (2016 e 2020). Em 2022 não disputaram mandatos eletivos e, para completar, o PSB perdeu o Governo do Estado. Hoje tentam construir eleitoralmente o filho Marcelo Gomes, que foi vereador e candidato derrotado à prefeitura em 2020, com 3,5 mil votos (2%). Hoje Marcelo é secretário de Planejamento do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB).
A Capital do Agreste
Com 250 mil eleitores, a cidade tem disputa de 2º turno – situação que só ocorreu em 2016 – e um pólo consolidado de comunicação, o que garante debates eleitorais no rádio e na televisão, além de propaganda eleitoral veiculada nestes meios.
A população total é de 378 mil habitantes, com o 6º maior PIB e o 8º IDH do estado. Apenas 6% da população economicamente ativa de Caruaru vive da agricultura e pecuária. A cidade se destaca por ser um polo industrial e comercial do ramo têxtil. A indústria local é a ocupação de 22% dos trabalhadores, com destaque para a confecção, que reúne 12 mil fábricas, em sua maioria de pequeno porte. Vivem do comércio outros 23%, além de 36% do setor de serviços.
