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DIVERSIDADE

Grupo gay usa esporte como forma de resistência no Recife

Através do jogo de queimado, LGBTs se reúnem semanalmente na Várzea há 12 anos.

09.fev.2017 às 13h35
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h38
Recife (PE)
Vinicius Sobreira
"O encontro para jogar surgiu da vontade de superar o preconceito que aquelas pessoas enfrentavam dentro do bairro".

"O encontro para jogar surgiu da vontade de superar o preconceito que aquelas pessoas enfrentavam dentro do bairro". - "O encontro para jogar surgiu da vontade de superar o preconceito que aquelas pessoas enfrentavam dentro do bairro".

Noite de quinta-feira, 22 horas. A Praça da Várzea, na Zona Oeste do Recife, está pouco movimentada. Alguns pequenos grupos conversam nas imediações da quadra. São quase todos gays, travestis e transexuais, aguardando apenas o chamado para ocuparem o espaço de esportes para jogar queimado – rebatizado de “gaymado” pelo grupo. O encontro para jogar surgiu da vontade de superar o preconceito que aquelas pessoas enfrentavam dentro do bairro. O gaymado cresceu, ou a ter frequência semanal e desde 2005 reúne LGBTs da Várzea e de outros bairros para jogar.
No início dos anos 2000 o grupo de amigos se reunia quase todas as noites para conversar na praça, mas era comum que no local – ou no trajeto para a praça ou para casa – algum deles fosse atingido por um caroço de jambo ou por pedra. O ataque era sempre seguido de um grito de “veado”, “bicha”, “fresco”, vindo da boca do agressor. “A gente queria mudar essa forma que éramos tratados”, conta Glauber Stringlini, 27, um dos precursores do grupo. “Um dia estávamos sentados, conversando, e a bola veio para o pé de uma travesti amiga nossa. E ela comentou ‘poxa, dava para jogar um queimado agora’. Gostamos da ideia e marcamos para jogar na segunda-feira seguinte”, conta. A partir de então começaram a convidar todos os amigos gays do bairro, “inclusive as que ainda eram incubadas”.
A brincadeira se tornou hábito semanal. A cada segunda-feira mais gays e travestis chegavam de outros bairros para se somarem ao jogo. “Teve noite que deu mais de 40 pessoas para jogar queimado. Isso começou a movimentar o bairro”, recorda Stringlini. “Antes ninguém queria vir para a praça, que era ponto de prostituição e consumo de drogas. Mas quando começamos a jogar a população quis vir assistir, porque as gays além de jogar, ainda davam pinta. A comunidade achava engraçado, mas o fato é que o movimento fez reduzir a prostituição e o consumo de drogas na praça”.
Mas houve reação. O aumento do público LGBT circulando pela Várzea incomodou algumas pessoas. Numa noite vários dos que jogavam na praça foram agredidos, separadamente, enquanto estavam a caminho do jogo. “Eles só agrediam quando a pessoa estava sozinha. Nunca enfrentaram o grupo grande. Eu fui um dos agredidos, com um tapa na cara, por um rapaz que estudava na mesma escola que eu e que se dizia meu amigo”, relata Glauber. “Acho que sentiram que estávamos ‘invadindo’ um espaço que antes era dominado por eles”, acredita.
Após a agressão ele foi à casa de um amigo que militava junto aos movimentos sociais e era referência política para ele. Ao retornarem à praça, os agressores já tinham sido pegos pela polícia. “Mas não aconteceu nada além disso. A maioria das vítimas era menor de 18 anos, alguns nem tinham sua orientação sexual assumida para a família, então as famílias não fizeram o devido acompanhamento do caso”, pontua Glauber.
O caso fez o grupo de amigos se aproximar da ONG Instituto Papai, onde participaram de formações políticas e decidiram organizar um ato público em protesto contra as agressões. “Conseguimos carro de som, apoio de outras ONGs que trabalham com as pautas LGBTs, conseguimos apoio de deputados estaduais. Fizemos um ato com maracatu, saindo desde a lombada eletrônica da Várzea até a praça, onde teve a apresentação de esquetes teatrais. A comunidade abraçou a nossa causa e repudiou as agressões”, recorda orgulhoso.
Outro que participa desde o início é Wagner Oliveira, 30. Ele recorda que após o gaymado da Várzea ficar popular, apareceram em programas de televisão, a ideia do grupo se espalhou e outros gaymados começaram a surgir. “Já ouvi sobre grupos de gaymado no Totó, na Macaxeira, em Roda de Fogo, em Camaragibe, em São Lourenço e Igarassu”, diz. É provável que a ideia tenha se espalhado pelo Brasil, já que – além dos programas locais – o gaymado também já ou em rede nacional. Todo mês de setembro o grupo organiza um torneio com vários times. A competição tem início de manhã e se estende pela tarde.
A brincadeira vai aproximando os mais jovens. Na quadra um bom número de adolescentes participa do gaymado. Miquéias Nascmieto, 15, brinca com o grupo há 3 anos e espera que mais gente se some. “Quero que venha o máximo de gente possível jogar conosco. Fica mais animado”, diz Miquéias.
Com frequência, entre os espectadores do gaymado, estavam garotos do bairro que ficavam fazendo piadas enquanto o grupo jogava. Até que um dia as gays resolveram desafiá-los: “vocês são tão machões? Pois coloquem um time de vocês para jogar contra a gente”. A partir de então as gays aram a jogar também contra os heterossexuais, nas noites de quarta. A equipe derrotada pagava dois refrigerantes à equipe vencedora. “É lógico que nós sempre ganhávamos deles”, lembra Stringlini. “Com o tempo e o entrosamento, começamos a misturar os times. E até no gaymado da segunda-feira nós começamos a incluí-los também”.
E até hoje é assim: todas as quintas-feiras, às 22h, quem quiser pode participar, seja homem ou mulher, hétero, gay, lésbica, bi, trans, travesti… a ideia é promover a livre orientação sexual e o respeito à diversidade. Como afirma o lema do gaymado: “no jogo da vida, só quem perde é o preconceito”.
No próximo dia 28 de fevereiro o gaymado da Várzea completa 12 anos de existência e resistência. Para Stringlini, o queimado conduziu o grupo a conquistas locais. “Conseguimos dar visibilidade às nossas pautas, as encubadas começaram a sair do armário e as pessoas da comunidade aram a respeitar mais e a participar de atividades conosco”, diz. Ele é completado por Oliveira. “São 12 anos mostrando a cara, ocupando o nosso espaço, mostrando que estamos aqui, unidas, fortes e venceremos. Conquistamos várias coisas e queremos mais. Respeitando todo mundo, mas lutando pelos nossos direitos”.

Editado por: Monyse Ravenna
Tags: PERNAMBUCO
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