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Ator e professor licenciado em Artes Cênicas. Tem atuação no teatro e no cinema, com destaque para o premiado longa metragem “Estômago”. Em 2019, f...

Quilombo nos parlamentos

Não estamos mais no século 19, mas homens brancos predominam nas eleições

Em outubro, faremos valer nosso direito de escolher quem irá ocupar a presidência da república, os governos estaduais, o senado, as câmaras federal e estadual nos próximos quatro anos.

Direito que para a maioria chegou tardiamente: em 1824 ocorreu a primeira eleição nacional para a Assembleia Legislativa, onde somente homens brancos da elite colonial com 25 anos e renda anual mínima de 100 mil réis para votar e 200 mil réis para ser votado (voto censitário), tiveram direito a participar.

Mulheres, homens livres com renda inferior e pessoas escravizadas não participavam do processo eleitoral. Posteriormente, o quesito renda foi abandonado e exigiu-se que o eleitor fosse alfabetizado, numa época quando o analfabetismo no país chegava a 75%.

A população negra – mesmo após a Lei Áurea, em 1888 – seguiu majoritária nos índices de analfabetismo, reflexo da pseudo-abolição. Somente em 1986 foi permitido o voto às pessoas analfabetas.

A política brasileira ainda reproduz o colonialismo. Hoje, temos mais de 152 milhões de pessoas com o ao voto e – mesmo com o crescente número de candidaturas negras – os resultados ainda não garantem uma representação condizente com a população majoritária do país: em 2022, das 54 vagas da Assembleia Legislativa do Paraná, Estado com 34% da população autodeclarada negra (IBGE 2018), 48 estão ocupadas por homens brancos, 5 por mulheres brancas e apenas 1 por deputado autodeclarado negro.

Não estamos mais no século 19, mas homens brancos predominam nas eleições. Daí a importância de iniciativas como o “Quilombo nos Parlamentos”, que visa apoiar as candidaturas de pessoas ligadas ao movimento negro e contribuir para eleger pessoas comprometidas na luta contra as desigualdades raciais, sociais e de gênero. Para o voto consciente, vale a pesquisa.

 

 

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