Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Matheus Mendes, da coordenação regional do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” no Nordeste, explica como a Jornada da Natureza, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) combina denúncia, reflorestamento e propostas concretas para enfrentar a emergência climática. A terceira edição da iniciativa ocorre até o próximo sábado (7).
“Essa nossa jornada está presente em todo o território nacional onde o MST se organiza. Ela traz a perspectiva concreta de uma série de ações que busca necessariamente expor os crimes ambientais do agronegócio e apresentar para o conjunto da sociedade a reforma agrária popular como essa alternativa concreta em relação à crise climática”, destaca Mendes.
Neste ano, a Jornada Nacional da Juventude Sem Terra se soma à Jornada Nacional em Defesa da Natureza e Seus Povos. Para o MST, é um momento decisivo, tendo em vista que o Brasil sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em 2025. “Lançar e ampliar a nossa mobilização nacional combina com essa denúncia e essa proposta que está acontecendo dentro da nossa jornada”, diz.
Uma das principais frentes é o reflorestamento. A ação em áreas urbanas, como o entorno do estádio do Corinthians, em São Paulo, é parte desse esforço. “É transversalizar as lutas urbanas junto com as lutas do campo, a partir, obviamente, dos desafios que nos são colocados frente a esse propósito da justiça climática”, afirma o dirigente. Ele cita ainda iniciativas recentes em Recife, que envolvem agricultores e pescadores ligados ao movimento.
Mendes também reforça que a reforma agrária, prevista na Constituição, é uma ferramenta urgente para combater a fome e a crise ambiental. “O MST hoje pauta a reforma agrária popular, que não necessariamente seja apenas para terras e territórios. Queremos condições concretas e materiais de estarmos no campo, produzindo alimentos saudáveis, organizando nossa juventude, tendo o à cultura, ao lazer, ao sistema de saúde”, aponta.
A jornada traz a agroecologia como alternativa tecnológica e de sociedade. “Trazemos a perspectiva da agroecologia como sendo a nossa matriz tecnológica, mas, obviamente, transitando enquanto modelo de sociedade”, fala Mendes. Ele destaca o papel dos jovens, das mulheres e dos sistemas agroflorestais nesse processo.
Além disso, o tema da mobilidade urbana aparece como pauta. O MST defende o uso de transporte coletivo, elétrico e ível. “Que tenhamos também o usufruto dessas tecnologias, e que seja de forma ível, popular e coerente”, pede. A defesa da tarifa zero, adotada em algumas cidades, está entre os motes do movimento.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.