A ocupação do Cais Embarcadero com um piquenique de alimentos e farofa foi a maneira que diversos movimentos sociais encontraram para protestar contra a privatização de um espaço público localizado às margens do Guaíba, em Porto Alegre. Farofa Summit foi a denominação escolhida para satirizar o evento South Summit Brasil realizado no local durante o mês ado. A iniciativa foi da Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD) e coorganizado por outras 29 entidades da sociedade civil.
O protesto foi baseado em uma decisão liminar concedida em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), que determinou que o Embarcadero, empresa privada que istra o espaço, se abstivesse de impedir o ingresso de alimentos e bebidas, coolers, isopores e similares no interior da praça. A partir dessa vitória, surgiu a ideia de celebrar a ocupação popular com um grande piquenique coletivo.
“É mais que um piquenique. É retomada de território”
Cerca de 150 pessoas participaram da manifestação em um grande piquenique coletivo com alimentos como galinha com farofa, bergamota e bolo caseiro. Embalados por roda de violão, os participantes exibiam faixas com frases como: “O Embarcadero achou que era clube. Descobriu que é praça”, “Hoje, o luxo do Embarcadero é a presença do povo” e “É mais que um piquenique. É retomada de território”.
Durante a atividade, foi distribuído um manifesto assinado por 30 entidades, reafirmando a defesa dos espaços públicos como locais de convivência, cultura popular e diversidade. O ato chamou a atenção de quem ava pelo local. Muitas pessoas se aproximaram, receberam o manifesto e demonstraram apoio. Ao final, todo o lixo foi recolhido e o local deixado limpo.
As entidades organizadoras anunciaram que o Farofa Summit terá novas edições em outros espaços públicos da cidade. Confira abaixo o manifesto distribuído:
Manifesto do 1º Farofa Summit
O Embarcadero achou que era clube. Descobriu que é praça!
Porto Alegre vive um processo de exclusão silenciosa. Espaços públicos têm sido tomados por uma lógica que seleciona, afasta e envergonha quem ousa ocupar com o que é simples, popular e verdadeiro: comida feita em casa, canga no chão, crianças correndo, riso alto e liberdade.
O 1º Farofa Summit surge como resposta.
É um ato político, cultural e afetivo, idealizado pela Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD) e organizado e construído com diversas entidades da sociedade civil.
Não é um evento qualquer. É uma retomada simbólica de território. Uma celebração da recente decisão judicial que reconhece o direito de todas as pessoas levarem alimentos e bebidas ao Embarcadero, espaço público que, por muito tempo, tentou impor regras que excluíam justamente quem mais precisava dele.
É mais que comida: levamos memória, resistência, pertencimento e uma alegria que não pede licença.
É mais que piquenique: É política com tempero.
Hoje, o luxo do Embarcadero é a presença do povo.
Outros Farofa Summits virão. Em todo lugar onde for preciso lembrar que a cidade é de todos.
Associação Mães e Pais pela Democracia – AMPD (idealizadora) e entidades organizadoras e apoiadoras do 1º Farofa Summit
- Associação de Advogadas e Advogados pela Democracia Justiça Social e Cidadania – ADJC
- Associação Amigos do Cais do Porto – AMACAIS
- Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD
- Associação de Juristas pela Democracia – AJURD
- Associação dos Amigos da Terreira da Tribo
- Associação dos Orientadores Educacionais do RS – AOERGS
- Associação dos Trabalhadores em Educação de Porto Alegre – Atempa
- Central Única dos Trabalhadores – CUT/RS
- Centro de Assessoria em Praticas Interdisciplinares e Mutirões – CAPIM
- Coletivo Cais Cultural Já
- Coletivo ProsperArte
- Comitê Popular Esperançar
- Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito
- Emancipa Comunidades
- GPIT – Grupo de Pesquisa Identidade e Território
- Grupo de Voluntários Greenpeace Porto Alegre
- Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais – INGÁ
- Partido Comunista do Brasil – PC do B/RS
- Partido Socialismo e Liberdade – PSOL/RS
