O governo de Minas Gerais tem uma receita para lidar com os serviços públicos: sucatear para justificar sua entrega para a iniciativa privada.
É esse movimento que vem sendo denunciado há anos por conselhos de saúde e profissionais que atuam no SUS em Minas Gerais. O fechamento de leitos, o déficit de profissionais e a falta de insumos básicos para o funcionamento dos serviços têm sido a tônica do governo de Romeu Zema para justificar a privatização da gestão dos hospitais públicos do estado.
O fechamento do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) é um exemplo nítido dessa atuação. O hospital é referência em cirurgias ortopédicas e, só nos últimos dois anos, teve 41 leitos fechados. O fechamento total no início de 2025 causou superlotação do Hospital João XXIII e pode afetar outras unidades, já que as cirurgias estão sendo transferidas para outros hospitais que atendem pacientes de todo o estado.
A reabertura do equipamento tem sido objeto de uma disputa judicial. O caos que se instalou nos últimos meses mostra o descaso de Romeu Zema com a saúde em Minas Gerais e sua proposta de terceirização pode gerar ainda mais danos.
Além do HMAL, os planos do governo do estado são de fechar mais quatro hospitais: a Maternidade Odete Valadares, o Infantil João Paulo II, o Eduardo de Menezes e o Alberto Cavalcanti. A justificativa é a construção de um Complexo Hospitalar Metropolitano gerido por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). Novos equipamentos para atender especialidades são, obviamente, bem-vindos, mas diante da falta de leitos enfrentada pelo estado, o fechamento dos hospitais é um absurdo.
A pior parte da proposta é o modelo de gestão em que o estado entrega toda a estrutura pronta para que uma entidade privada faça o gerenciamento e receba pelos procedimentos realizados. Experiências em curso no Brasil, como em Goiás e no Rio de Janeiro, já foram apontadas em relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) como ineficientes: de cada 100 hospitais com esse modelo de gestão, 82 apresentaram serviços precarizados. Isso acontece porque o modelo privado prioriza a redução de gastos e não o bom atendimento à população.
Estado mínimo para o povo e Estado máximo para as empresas é o lema que guia a gestão ineficiente de Zema. O plano é entregar o máximo de recursos públicos para a iniciativa privada, seja por meio da isenção de impostos ou pelas Parcerias Público-Privadas.
A questão é, portanto, de projeto político. Precisamos de mais investimentos em um SUS com gestão pública, garantindo profissionais valorizados e bom atendimento. Tratar a saúde a partir da lógica de redução de gastos é negar um direito ao povo mineiro. Saúde não é mercadoria.
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