O Brasil enfrenta a onda de frio mais intensa de 2025 até agora, com quedas bruscas de temperatura e fenômenos extremos como neve, geada e risco de ressaca no litoral. Capitais do Sul e Sudeste, como Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e São Paulo, devem registrar as menores temperaturas do ano a partir desta quinta-feira (29). Em São Paulo, a mínima prevista é de 9 °C, com sensação térmica ainda menor.
“Essa é a onda de frio mais intensa de 2025 até o momento, a primeira mais forte”, afirma a meteorologista Maria Clara Sassaki, da Tempo OK, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Hoje teremos aquilo que chamamos de mínima invertida, quando a menor temperatura do dia acontece à noite e não pela manhã, como é normal na maior parte do ano”, acrescenta.
Segundo Sassaki, uma forte massa de ar polar avançou do Sul em direção ao Sudeste, provocando a queda acentuada nas temperaturas. A combinação entre frio e umidade causou neve em São Joaquim, na Serra Catarinense, na manhã desta quinta. Vídeos mostram moradores irados e se divertindo com a precipitação.
Além das capitais do Sul e de São Paulo, há registro de friagem, quando o ar polar alcança o Norte do país, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre e sul do Amazonas. “Claro que não é tão forte, tão intenso como na metade sul, mas é bem significativo para o pessoal desta região que está acostumado com temperaturas muito mais elevadas”, explica a meteorologista.
Geada e prejuízos no campo
O frio mais severo também acende o alerta para geadas em áreas do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, metade sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A queda nas temperaturas e a diminuição da umidade favorecem esse fenômeno, que pode impactar diretamente a agricultura familiar.
“Isso acaba danificando plantações, principalmente áreas que têm hortaliças, que são muito sensíveis a temperaturas mais baixas”, destaca Sassaki.
Temporal e ciclone no Sul
O frio chegou após fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Na última terça-feira (27), cidades como São Borja decretaram situação de emergência, cancelaram aulas e registraram alagamentos. Os temporais foram provocados por um ciclone que, segundo a meteorologista, ainda influencia o tempo nas regiões litorâneas.
“Tem alerta entre hoje e amanhã para mar agitado, eventos de moderada intensidade, nas áreas litorâneas desde o Chuí, no extremo sul do Rio Grande do Sul, até Santa Catarina, áreas de Florianópolis, com potencial para ventos fortes e ondas que podem chegar até quatro metros”, diz.
Frio intenso, mas breve
Na capital paulista, o frio mais intenso deve durar até o fim de semana. Não há previsão de temporais, mas pode haver garoa leve e sensação térmica muito abaixo do registrado nos termômetros. “Quem está na rua tem aquela sensação térmica muito menor do que a temperatura real”, alerta Sassaki.
“Antigamente tinha uma semana de temperaturas mais baixas. Agora é muito rápido, bem momentâneo. Devemos ter no máximo três dias de temperaturas mais baixas para a cidade de São Paulo. O período de frio, a quantidade de dias mais frios, tem diminuído ano a ano”, compara.
A Estação Pedro II, na linha 3-Vermelha do metrô de São Paulo, foi adaptada temporariamente como abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade. A partir desta quinta até domingo (1º), o espaço funcionará das 19h às 8h, oferecendo 100 vagas com direito a pernoite, cobertores, jantar, doações de roupas e até um espaço destinado a animais de estimação. A iniciativa é coordenada pelo governo estadual, em parceria com a prefeitura da capital.
Junho com mais chuva e frio pontual
Para o último mês do outono, a previsão é de um padrão mais instável. A meteorologista explica que frentes frias devem continuar avançando pelo país e provocar chuvas acima da média em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
“Deve ocorrer chuva em cidades que não estão acostumadas a receber chuva agora. Isso é devido a agens de frentes frias mais frequentes”, adianta. Ainda assim, o frio deve seguir com curta duração. “No geral, a temperatura média para o mês de junho até a chegada do inverno é de temperaturas acima do normal”, conclui Maria Clara.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.