Desde segunda-feira (14), cerca de 800 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), vindos de diversas regiões da Bahia, estão mobilizados em Salvador como parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. O acampamento estadual, que segue até quinta-feira (17), foi montado no estacionamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), no Centro istrativo da Bahia (CAB), e reúne trabalhadores do campo que reivindicam direitos e lutam por memória e justiça.
De acordo com o movimento, a presença da militância em Salvador tem como objetivo dialogar com os governos estadual e federal para avançarem em pautas urgentes da Reforma Agrária Popular. Entre os principais pontos estão o destravamento de assentamentos já existentes, a obtenção de novas áreas para o assentamento de famílias acampadas e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à produção camponesa. Durante os dias de mobilização, os militantes realizam reuniões com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com secretarias do governo estadual e promovem atividades de formação política, debates internos, momentos místicos e ações de diálogo com a sociedade.
Segundo Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia, a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária tem o papel fundamental de denunciar as diversas formas de violência no campo e de exigir que a reforma agrária aconteça na prática, com investimentos reais e políticas estruturantes.
“O povo não precisa de violência, o povo não precisa morrer para que a reforma agrária aconteça. A reforma agrária precisa sair do papel e, na prática, fortalecer os acampamentos, oferecer assistência técnica e garantir novas áreas para assentar as famílias que ainda estão acampadas”, aponta.
Eliane Oliveira, também da direção nacional do MST-BA, destaca que o acampamento é um espaço de construção coletiva, mística e compromisso com um projeto de país.
“Durante os dias em que estivermos no acampamento estadual, vamos dialogar com o Incra e com o governo do estado para discutir nossas pautas com o objetivo de garantir políticas públicas para os nossos assentamentos. Estaremos por aqui animados, com muita mística, mas também nos alimentando da proposta da Reforma Agrária Popular, esse projeto de melhorar a vida da nossa companheirada no campo”, destaca.
Memória e justiça
A jornada marca o início de uma série de mobilizações em todo o país e carrega em sua simbologia a memória do Massacre de Eldorado do Carajás, que completa 29 anos em 2025. No dia 16 de abril, às 16h30, será realizado um ato político em memória às 21 vidas ceifadas de forma brutal pela Polícia Militar do Pará. O massacre se tornou um símbolo da violência histórica contra os que lutam pela terra no Brasil e reforça a necessidade de seguir em marcha por justiça, terra e dignidade.
A mobilização em Salvador é parte do calendário nacional do MST, que promove durante o mês de abril ações em diversos estados, reafirmando o compromisso com a luta por uma reforma agrária que enfrente as desigualdades do campo, garanta o direito à terra, fortaleça a produção de alimentos saudáveis e promova a permanência das famílias no campo com dignidade.
