Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem viver Cultura

Revolta que continua

‘Ecos Malês’: exposição em Salvador apresenta reverberações de um dos principais levantes africanos no Brasil

Nos 190 anos da Revolta dos Malês, mostra aponta que, apesar da repressão, a insurreição também teve um legado vitorioso

25.jan.2025 às 14h00
Salvador (BA)
Lorena Carneiro

Mostra reúne 48 artistas de diversas expressões artísticas que retratam ecos da Revolta dos Malês no país - Gabriel Martins

“Ouve-se nos cantos a conspiração / vozes baixas sussurram frases precisas / escorre nos becos a lâmina das adagas / Multidão tropeça nas pedras / Revolta / há revoada de pássaros / sussurro, sussurro: / ‘é amanhã, é amanhã. / Mahin falou, é amanhã’”  (Mahin Amanhã – Miriam Alves)

Na madrugada do dia 24 para o dia 25 de janeiro de 1835, as ruas de Salvador (BA) foram tomadas pela urgência da liberdade. Vestidos de branco, centenas de corpos negros africanos empunhavam armas nas mãos e palavras nas bocas que denunciavam a escravidão e o sistema opressor que a mantinha. Não estavam sós. Em seus peitos, carregavam patuás que simbolizavam suas crenças diversas, tanto do Islã como em reverência aos orixás, nkisis e voduns.  

Ahuma, Dissalu, Elesbão do Carmo, Luís Sandim, Manuel Calafate, Nicoti e Pacífico Licutan foram alguns dos principais líderes dessa insurreição que ficou conhecida como Revolta dos Malês. Segundo o historiador Clóvis Moura, em entrevista para a Secretaria de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) nos anos 80, a Revolta dos Malês faz parte de um grande ciclo de rebeliões ocorridas na Bahia desde o início do século XIX e é considerada a última grande revolta de pessoas escravizadas na capital baiana. 


Estima-se que 600 pessoas negras participaram da revolta em Salvador / Harper's Weekly/Arquivo

Apesar da repressão policial, que resultou em mortes e severas penalidades aos envolvidos, a Revolta dos Malês teve um importante legado. Nos marcos dos 190 anos da insurreição, o Brasil e seu povo seguem reverberando os ecos desta importante luta popular. É o que propõe mostrar a exposição ‘Ecos Malês’, que ocupa a Casa das Histórias de Salvador, no Comércio. Com curadoria de João Victor Guimarães e co-curadoria de Mirella Ferreira, a exposição reúne 114 obras de 48 artistas, como Voltaire Fraga, Helen Salomão, Jasi Pereira, Ventura Profana, Rose Aféfé e parceria com o coletivo Arquitetura da Revolta, que revisitam os ecos da rebelião em suas práticas. 

“Salvador, palco de muitas revoltas, continua a nos atravessar – nem sempre livremente, mas sempre em busca da liberdade. A exposição convida todas as pessoas a percorrerem vestígios do pensamento intelectual desse/as artistas em sua grande maioria contemporâneo/as, discutindo a intersecção entre história e arte na encruzilhada da vida”, destaca Mirella Ferreira. 

‘O invisível se traduz e ecoa’

A exposição reúne expressões artísticas diversas, como pintura, escultura, fotografia, gravura e vídeo performance, divididas em três pilares — ‘Ruas da Revolta’, ‘Encontrar’ e ‘Inventar (Liberdade e Defesa)’. Mais do que uma rememoração histórica, a mostra aponta lugares de encontro, reflexão e diálogo que vislumbram novas construções de futuro e expressam que as sementes plantadas pelos malês ainda seguem vivas.

“Esse pertencimento nos traz a sensação de que a coisa continua, a força continua, os desejos continuam, e acho que foi uma experiência muito importante para mim dentro desse processo curatorial. Acho que foi a decisão mais correta em termos curatoriais, também em termos políticos, transmitir a ideia de que a revolta continua”, salienta João Victor Guimarães.


A mostra é dividida em três alas: 'Ruas da Revolta', 'Encontrar' e 'Inventar (Liberdade e Defesa)' / Lorena Andrade

“Por exemplo, o fato de nós termos patuá hoje é uma herança malê. O fato de nós termos o eketé, que é um desdobramento, no candomblé, do kufi, que vem da tradição islâmica, é uma ação dos malês. Então existe uma ação perene debaixo dos nossos narizes agora, e, por vezes, em todo o nosso corpo. E corpo enquanto indivíduo, mas também corpo enquanto cidade, corpo de cultura, corpo de filosofia, de desejos”, completa o curador e crítico.

Mirella também ressalta os diversos modos a partir dos quais a luta dos malês reverbera nas lutas das pessoas negras na atualidade:

“Seja lutando pela vida, liberdade, ascensão política e econômica de mulheres negras e pessoas LGBTQIAP+; seja pelo respeito às manifestações religiosas de raízes africanas; seja pela descentralização de poder sistêmico; seja contra o encarceramento em massa da população negra, contra o epistemicídio e o capacitismo; seja pela educação de qualidade; seja pela paz nas comunidades periféricas, entre tantas outras lutas. Essas são algumas das razões pelas quais se torna ainda mais urgente a produção da arte como um meio, não o único, de resistência e reivindicação”, salienta.


Mirella Ferreira e João Victor Guimarães, co-curadora e curador da exposição 'Ecos Malês' / Reprodução – redes sociais

‘Encantemos nossas almas’

“A Revolta dos Malês foi também em defesa da subjetividade, da fé e da cosmogonia de corpos negros”, aponta João Victor Guimarães no texto curatorial da exposição. O curador explica que a mostra busca investigar formas de construir um sistema que respeite as subjetividades, que aponte para utopias, que “pense os encantamentos como formas de diálogo e aproximação”.

Uma das chaves para isso se expressa em obras que trazem referências ao candomblé, como a do artista Cipriano, que desenvolve trabalhos dentro do que chama de ‘Macumba Pictórica’. João Victor destaca os terreiros como um espaço que foge à lógica ocidental de separação de saberes e que articula diversos elementos importantes.

“Os terreiros de candomblé são, ao mesmo tempo, uma construção material, virtual, espiritual e subjetiva. O candomblé é essa tecnologia a partir da qual você dialoga com o invisível através do palpável, a manifestação, a oferenda”, destaca João Victor. 


Obra "A fumaça vai, a fumaça vem Pai Joaquim de Angola tem mironga tem! II", de Cipriano / Reprodução – redes sociais

Para Mirella, a espiritualidade se coloca como uma forma de existência, como uma extensão de nós mesmos, o que também está diretamente ligado a uma expressão política.

“A ancestralidade se apresenta, nesse contexto, como um farol que nos guia pelo caminho e ecoa através do tempo cíclico, permitindo que encontremos sempre o nosso caminho de volta para casa, em comunidade, tempo e espaço. O corpo negro e suas epistemologias são políticos, e, portanto, toda manifestação espiritual que atravessa esse corpo também se configura como uma manifestação política.”

Ecos na Bahia, no Nordeste e no Brasil

A exposição, que teve abertura em novembro de 2024 e segue até o mês de maio na Casa das Histórias de Salvador, recebeu um importante reconhecimento no fim do ano ado. Através de voto popular, ‘Ecos Malês’ conquistou o 2º lugar no prêmio de Melhores Exposições Coletivas de 2024. A premiação, organizada pela revista Select, também teve representação nordestina no primeiro lugar com a mostra ‘Delírio Tropical’, exibida na Pinacoteca do Ceará. Para João Victor Guimarães, o caráter da votação e a presença dupla do Nordeste no pódio são os motivos centrais para comemorar. 


O prêmio da Revista Select foi realizado a partir de votação popular com exposições de todo o país / Luan Teles/Secult Salvador

“Eu gosto de pensar um ecossistema tanto soteropolitano, quanto baiano, quanto nordestino capaz de se autossustentar. E acho que essa exposição é justamente isso, uma ação coletiva, um ato de fé, de trabalho, de tempo, de amor, e que merece, definitivamente, uma atenção por parte de todo o país. Isso me deixa muito feliz. E repito, é muito importante que tenha também no pódio outra expressão do Nordeste. Isso é o que a gente deseja, o que a gente precisa trabalhar aqui também. Isso é muito importante”, celebra.

Diante destes novos ecos que a exposição inscreve e do tipo de futuro que suas obras inspiram a construir, Mirella salienta a importância da arte no tensionamento das estruturas e na construção de encontros.

“As obras que emergem desse contexto não apenas reafirmam as lutas do ado; servem como um poderoso meio de conscientização e mobilização, um chamado ao fato de que a arte não é apenas uma forma de expressão, mas uma ferramenta crítica para desafiar as estruturas de poder, fomentar diálogos sobre identidade e pertencimento, e inspirar novas formas de coletividade e tomada de decisão”, finaliza.

Serviço

O quê: Exposição 'Ecos Malês'

Onde: Casa das Histórias de Salvador – rua da Bélgica, 2. Comércio. Salvador (BA)

Quando: até maio de 2025

Visitação: terça a domingo, das 9h às 17h (entrada até às 16h)

Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) – venda na bilheteria da Casa das Histórias de Salvador ou na plataforma Sympla; o gratuito às quartas-feiras

Ingresso único: os visitantes também poderão visitar a Galeria Mercado (Subsolo do Mercado Modelo) com o mesmo ingresso
 

Editado por: Martina Medina
Tags: arteexposição
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

MESADA

Bolsonaro diz que deu R$ 2 milhões para custear filho que está nos EUA

ARTIGO 19

Mendonça: redes não podem ser responsabilizadas por postagens ilegais

Protesto

MST realiza atos em Marabá (PA) contra instalação da hidrovia Araguaia-Tocantins

Bolsonarismo

Falta de unidade pode enfraquecer extrema direita nas eleições de 2026, avalia professor

AMAZÔNIA

‘Aproveitam brechas da lei para roubar terras públicas’, diz secretário do Observatório do Clima sobre grileiros

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.