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Artigo

Enel: o apagão das privatizações do neoliberalismo

Enquanto as ações da Enel são negociadas na Bolsa, a população está refém do serviço de péssima qualidade

22.out.2024 às 19h49
São Paulo (SP)
Igor Felippe Santos

Em novembro, mais de 2,1 milhões de paulistas em 23 municípios, atendidos pela Enel ficaram sem energia, alguns por mais de sete dias - Rovena Rosa / Agência Brasil

O ano de 2023 foi muito bom para a Enel, o lucro mais do que dobrou. Mesmo com a diminuição das receitas com a queda nos preços médios no mercado de energia, o resultado foi extraordinário: lucro líquido de 3,44 bilhões de euros em 2023. Mais que o dobro do ano anterior, quando acumulou 1,68 bilhão de euros. 

Com atuação transnacional em 30 países nas Américas, África, Ásia, Oceania e Europa, a Enel é uma das maiores companhias do setor elétrico do mundo. São 70 milhões de consumidores, 67 mil colaboradores próprios e mais de 2 milhões de quilômetros de redes elétricas.  

A companhia é responsável pela distribuição de energia elétrica para 18 milhões de pessoas em 24 municípios da Grande São Paulo desde 2018, quando adquiriu o controle da Eletropaulo Metropolitana.  

Essa empresa bilionária deixou mais de 3 milhões de pessoas sem energia elétrica no apagão em São Paulo depois de uma noite de fortes chuvas e ventos, no dia 11 de novembro.  

A empresa de origem italiana de capital aberto tem ações na Bolsa de Valores de Milão desde 1999. O maior acionista individual, que controla cerca de 23% das ações, é o Ministério da Economia e Finanças da Itália.  

Mais de 58% da participação acionária é de um grupo de fundos de investimentos, seguradoras e fundos de pensão, com origem em diversas partes do mundo, especialmente investidores da América do Norte e Europa. Os investidores individuais têm 18% das ações. 

Enquanto as ações da Enel são negociadas na Bolsa na Itália e seus investidores que vivem na Europa ou nos Estados Unidos lucram com a distribuição de dividendos, a população da região metropolitana de São Paulo está refém do serviço de péssima qualidade de uma empresa que faz tudo pelo lucro. 

A Enel é símbolo do fracasso da privatização de áreas estratégicas e da doutrina neoliberal, que prega que o capital privado tem uma capacidade de gestão superior às empresas públicas.  

A receita para a obtenção de lucro com a compra de empresas privatizadas é simples: cortar os custos, cobrar caro e fazer o mínimo investimento.  

Ou seja, fazer o básico para atender os consumidores, independentemente da qualidade do serviço. Fazer de tudo para aumentar a lucratividade para distribuir os maiores dividendos possíveis para os acionistas.  

O povo paga a conta. O preço do serviço de energia é alto: 36% das famílias brasileiras gastam mais da metade do orçamento mensal com energia elétrica e gás de cozinha, de acordo com pesquisa do Instituto Pólis. Para não deixar a conta de luz atrasada, 30% dos entrevistados relatam que deixaram de comprar alimentos básicos e bens de consumo.  

A reprodução da dinâmica do capital financeiro nos serviços públicos essenciais diminui a qualidade do atendimento, mantém preços altos e leva às últimas consequências a contradição entre as necessidades da população e a lucratividade das empresas privadas.  

Essa lógica de funcionamento não é exclusividade da Enel nem da área de exploração do serviço de distribuição de energia elétrica, mas o caso é exemplar dos procedimentos do capital privado na gestão de serviços públicos essenciais.  

A companhia reduziu o quadro de funcionários em 51,55% nos últimos cinco anos, de acordo com relatório do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Foi um corte de aproximadamente 4 mil postos de trabalho. 

Houve uma redução de quase 50% nos custos operacionais entre 2018 e 2023, mesmo com o crescimento de 19% na demanda por energia. Os investimentos tiveram um déficit de 32% em relação ao previsto (R$1,5 bi) entre 2018 e 2022.  

O tempo de atendimento da população em caso de emergências cresceu 72% entre 2021 e 2024, demorando 15 horas. Assim, chegou ao nível crítico do Índice Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de Satisfação do Consumidor, com 52 pontos (em uma escala de 0 a 100), ficando entre as 10 piores concessionárias de energia elétrica do país. 

A Enel acumula multas aplicadas pela Aneel, Procon-SP e Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), somando R$ 355 milhões. O desempenho da companhia ficou 20% abaixo da meta regulatória estabelecida pela Aneel para o Indicador de Nível de Serviço em 2023. 

Em resumo, a atuação da empresa é uma tragédia. Mesmo com todas as evidências, as instituições têm sido incapazes de defender os interesses dos cidadãos. Em novembro de 2023, um outro apagão da Enel deixou 4 milhões de pessoas na capital e na região metropolitana sem luz por dias. O que aconteceu de lá pra cá? Nada.  

Agora, correm para mostrar serviço e tentar se eximir da responsabilidade pela crise. Não cola. O prefeito Ricardo Nunes (PMDB) não cumpriu sua atribuição de fazer o manejo e poda das árvores e silenciou diante da irresponsabilidade da Enel. Fala grosso agora no período eleitoral, mas não tomou nenhuma atitude contra a companhia.  

A Agência Nacional de Energia Elétrica, que intimou somente nesta semana a empresa italiana a prestar esclarecimentos, deveria cumprir o papel de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica. Na prática, seus diretores indicados pelo setor elétrico fazem a representação das corporações perante o governo federal, em vez de defender os interesses da população.  

O Estado brasileiro tem sido omisso no processo de regulação do setor elétrico, um serviço essencial para a população. Assim, as empresas fazem o que querem e apagões como esse que aconteceram em São Paulo podem se repetir em todo o país, especialmente com a mudança no regime de chuvas com as mudanças climáticas.  

A reversão de privatizações de empresas que não atendem o interesse público cresce em todo o mundo com o fracasso da gestão do setor privado. Mais de 884 serviços foram reestatizados no mundo, de acordo com o TNI (Transnational Institute), um centro de estudos sediado na Holanda. 

Desde 2000, esse processo aconteceu em 55 países, como na Alemanha, com 348 casos; na França, com 152; nos EUA, com 67; no Reino Unido, com 65; e na Espanha, com 56.  

As companhias foram retomadas por darem prioridade ao lucro e oferecerem serviços caros e de qualidade ruim em diversas áreas, como fornecimento de água e energia, na coleta de lixo e programas habitacionais e funerárias.  

O governo Lula deve tomar a iniciativa política e defender a população que está refém de empresas privadas que exploram serviços públicos essenciais, como a distribuição da energia elétrica. É preciso rever o papel das agências reguladoras, que não cumprem o papel determinado em lei e se transformaram em correia de transmissão do capital privado, abrindo mão de defender o interesse público.  

O país precisa de um levantamento da atuação dessas empresas e de medidas concretas para que atendam a população, com serviços de qualidade e preços correspondentes. No caso de descumprimento, é preciso coragem para romper os contratos e retomar o controle, impedindo que milhões de pessoas sejam prejudicadas por companhias que estão preocupadas apenas com o lucro dos seus investidores. 

 

* Igor Felippe Santos é jornalista e analista político com atuação nos movimentos populares.

** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Editado por: Nathallia Fonseca
Tags: privatizaçao
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