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Eleições 2024

Dona Lina, negra pioneira nas eleições em Londrina (PR)

Primeira vereadora suplente pelo PT cidade, lavradora convoca os mais jovens a ocuparem espaços na política

08.out.2024 às 14h14
Cecília França
|Rede Lume

Maria Izolina Pinheiro, a dona Lina, tem 77 anos e vive em um acampamento a 70 quilômetros de Londrina (PR) - Arquivo pessoal

Londrina nunca teve uma vereadora negra. No final da década de 1980, Maria Izolina Pinheiro, a Dona Lina, chegou perto de romper essa barreira. Ela entrou para a história da cidade como a primeira vereadora suplente pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O feito aconteceu nas eleições de 1988, quando ela recebeu a segunda maior votação: 882 votos. Naquele momento, o partido tinha apenas sete anos de fundação em Londrina e elegeu somente um vereador, Luiz Eduardo Cheida.

A trajetória de Dona Lina pera a luta pela terra e pelo empoderamento das mulheres negras. Mineira, ela se mudou para Londrina no final da década de 1970. Hoje, aos 77 anos no registro (80 de fato, segundo ela), vive em um acampamento no município de Florestópolis, a 70 quilômetros daqui, e segue participando ativamente da política em suas diversas facetas.

“Eu sempre fui política, mesmo sem saber. Lembro quando eu tinha uns 13 anos, eu era corintiana, e o Corinthians não ganhava, e eu chorava. Mas eu continuava torcendo. Então eu digo que nasci partidária”, conta ela à Rede Lume.

Em jornais antigos ficaram registros da participação de Dona Lina nas lutas da década de 1980, como mostram os recortes abaixo. O primeiro data de 1985, quando ocorreu o 1o Congresso do Movimento Sem Terra, em Curitiba, e ela representou a Comissão Executiva Estadual dos Sem Terra; o segundo, um trecho de entrevista ao jornal Terra Livre por ocasião do lançamento do livro Sangue na Terra: A Luta das Mulheres, no qual ela é citada.

Dona Lina se casou ainda em Minas Gerais e a pobreza inviabilizou a vida naquele estado. “A gente pegava uma terra pra trabalhar e dali dois anos tinha que ir pra outro lugar, porque virava pasto ou era café. Até que migrei, em 1978, para Londrina”, relembra.

Chegando na cidade as dificuldades se mostraram outras. Apesar de morar mais próxima de postos de saúde e mercados, por exemplo, a pobreza persistia e a preocupação com o futuro dos cinco filhos aumentava. A fé era o motor de resistência de Dona Lina, acompanhada de uma boa dose de inconformismo.

A vida na favela

Quando pagar aluguel ficou inável, Dona Lina se mudou com a família para a antiga Favela do Bambu, região do Nova Conquista.

“A preocupação era com os filhos. A gente vendo como era a juventude, como eram tratadas as crianças…ou vivia lá dentro (da favela), naquela situação opressora ou, quando saía, era a opressão do desprezo”, explica. “Aí eu fui me envolvendo. Foi quando criamos a primeira associação de bairro do Nova Conquista e fomos para a Federação das Favelas”.

A atuação militante trouxe outros problemas em casa, lembra a lavradora: “opressão do companheiro, que não entendia porque a mulher andava tanto, falava tanto. E não era só eu, mas 40%, 50% das mulheres tinham (e tem) essa opressão do companheiro, a violência doméstica”.

Ocupação histórica

A primeira ocupação de terra registrada na região de Londrina aconteceu em 1986, em Tamarana, onde ficava a antiga colônia penal, e teve a participação ativa de Dona Lina. Essa atuação ficou registrada no artigo “A experiência do Partido dos Trabalhadores em Londrina a partir da cultura política“, da historiadora Janaína Carla Hilário.

As primeiras ocupações de terra em Londrina contaram também com a participação do PT: ‘nós organizamos as primeiras invasões, quer dizer de ocupação’. A primeira ocupação ocorreu no antigo distrito de Londrina, hoje município Tamarana aproximadamente em 1986 . Figuras como D. Lina (primeira suplente para o cargo de vereador pelo PT em 1988) e Padre Dirceu (Fumagali) foram importantes na ocupação de terras em Tamarana: ‘(…) na época, falar em ocupação de terra era o fi m do mundo’. Grande parte da Favela Ok (próximo ao Jd. Califórnia) foi em Tamarana fazer essa ocupação, que contou também com a Pastoral da Terra.

Os sinais do racismo na vida da lavradora também não aram despercebidos. “Tinha vergonha do meu cabelo, porque até ali era (chamado de) ‘picuman’ e ‘pichaim’, não era uma coisa da natureza divina, que pertence à gente”, relembra. Muitas vezes, para evitar comentários, o jeito era o sair de casa com um lenço na cabeça.

A entrada no PT

No período de articulação das Diretas Já, Dona Lina teve a oportunidade de ir até Brasília como integrante da Federação das Favelas. Lá, foi avisada de que deveria subir até o local do encontro pelos corredores, na Câmara dos Deputados, e não pelo elevador, como seus companheiros brancos, que se recusaram a deixá-la.

Outro episódio no mesmo encontro, selou sua saída do então MDB, partido no qual militava.

Quando chegamos lá, o Ulysses (Guimarães) foi pegando na mão de todos nós e perguntando de onde a gente era, onde a gente morava, e ele falou: ‘Nossa, a senhora não podia morar num lugar desses. Esse lugar aí é de marginais e a senhora é uma pessoa que pode viver junto com os intelectuais. A senhora precisa sair da favela.’ Aí eu conheci o que eram os partidos. Quando eu voltei para Londrina, eu entendi que estava apoiando um partido que não apoiava o trabalhador, que o trabalhador era marginalizado. Foi quando entramos com o PT

“Eu participei da criação do PT em Londrina e já sabendo o que era o PT”.

As eleições de 88

Dona Lina entendeu a importância de participar da política partidária quando compreendeu o que era ser negra e moradora de favela no Brasil; quando se aceitou e se orgulhou de sua negritude.

Ela conta que aceitou ser candidata a vereadora pelo PT em 1988, mesmo inexperiente. “Aí eu já estava envolvida com o movimento negro, já tinha orgulho do meu cabelo, de ser negra, de ter meus filhos negros e lutar pelos nossos direitos”, conta.

Quando Cheida, o mais votado e eleito, candidatou-se a prefeito, Dona Lina acredita que poderia ter tido a oportunidade de assumir a cadeira na Câmara, já que era a primeira suplente.

"Quando ele se candidatou a prefeito não me deram a cadeira. Se fosse hoje eu brigava, mas naquele tempo eu estava nascendo. Ele não deixou a cadeira”, relembra. “Era o momento de me deixar no lugar dele até pelas minhas raízes”. Dona Lina voltou a participar das eleições em 1992, sendo a quinta mais votada. Em 2002, mudou-se de Londrina.

Nas eleições deste ano, que acontecem no próximo domingo (6), Londrina registra 342 candidaturas; 118 são de mulheres (34,5%), sendo que 38 se autodeclaram negras, ou seja, pretas ou pardas

Ocupação dos espaços

Dona Lina lembra que no ado era muito difícil, “muito mesmo”, uma mulher negra assumir um papel de liderança. Não havia outras militando ao lado dela.

“Pelo contrário, as mulheres e o povo negro de Londrina, nessa época, quando me via na televisão, saia correndo de vergonha. Porque o negro era o feio, o bandido, o bom de cama, a boa de limpeza, mas menos para falar em público”, relembra. Na opinião dela, o preconceito hoje é mais velado, mas ainda existe.

“Se nós deixarmos de ocupar esses espaços estamos dando nossa força para os brancos. Então nós temos que assumir esses espaços. Não importa se é de terreiro, se é de igreja, se é cristão ou não. É negro. Em todo lugar cabe o negro e nós não podemos ter medo”, conclui.

Conteúdo originalmente publicado em Rede Lume
Tags: direito políticodireitos civis e políticoseleições 2024londrinamst
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