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documentário

Premiado no Emmy Awards, ‘O Território’ furou a bolha, diz Neidinha

Filme sobre a luta dos indígenas Uru-Eu-Wau-Wau foi premiado no prestigiado Emmy Awards, no último domingo (7)

12.jan.2024 às 00h10
Atualizado em 13.jan.2024 às 00h10
Leanderson Lima
|Amazônia Real

Na cerimônia, Neidinha subiu ao palco com membros da equipe, entre eles Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau e Txai Suruí - Divulgação

A história de Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau e Ivaneide Bandeira, a Neidinha Suruí, contada no documentário O Território, ganhou o mundo, com uma temporada de exibições em vários festivais internacionais, além de vitórias em premiações. O reconhecimento mais recente aconteceu no último domingo (07), em Los Angeles, Estados Unidos, quando o filme foi premiado na categoria “Mérito excepcional na produção de documentários” no prestigiado Emmy Awards. Na cerimônia de premiação, além de Neidinha e Bitaté, subiram ao palco a liderança indígena Txai Suruí, que assina a produção, e o diretor do filme, o norte-americano Alex Pritz, além de outros membros da equipe. Txai é filha de Neidinha e do líder histórico de seu povo, Almir Suruí, e vem se destacando por sua proeminência como porta-voz da juventude indígena do Brasil nos fóruns internacionais.

Gravado em Rondônia, com distribuição da National Geographic, O Território ainda concorreu nas categorias “Cinematografia excelente para um programa de não-ficção” e “Melhor direção para um programa de documentário/não-ficção”. Para receber a estatueta em Los Angeles, Neidinha teve que enfrentar uma verdadeira odisseia de mais de 40 horas de viagem de Rondônia até a Califórnia, com conexões em São Paulo e em Dallas, conforme ela contou à reportagem. A longa viagem foi compensada pela premiação, mas ela ite que ficou nervosa à medida que as vitórias eram anunciadas. Apesar de já ter tido experiências de participar de outras cerimônias da indústria do cinema, era a primeira vez que presenciava o glamour de Hollywood.

“Concorremos em três categorias com filmes muito bons. Concorremos na categoria de direção e não ganhamos. Já eram quase três horas de premiação. Eu já estava cansada achando que a gente não ia ganhar nada, porque alguns filmes levam três prêmios, outro levou oito e pensei: ‘um filme feito por indígenas, em Rondônia, que o povo confunde com Roraima, vai ganhar?’. Eu já havia desistido. Na minha cabeça a gente já estava feliz por estar lá, só por ter sido indicado já estava ótimo”, relata à Amazônia Real, em conversa nesta quarta-feira (10).

Só que a “maratona”, em aviões e também de espera na cerimônia, terminou com o anúncio de que o documentário O Território havia conquistado o prêmio mais importante de todos. “Quando anunciaram a gente não acreditou. Ficamos chocados. Não conseguimos chorar porque estávamos em choque”, lembra Neidinha. 

Indigenista histórica na defesa dos povos indígenas, Neidinha conta que a equipe decidiu escolher pessoas diferentes para discursar em cada uma das categorias em caso de vitória e ficou a cargo dela o discurso se O Território conquistasse a categoria “Mérito excepcional”. 

“A gente tinha 28 segundos para falar. Falei sobre a importância desse filme para a nossa luta, pela luta dos povos indígenas de todo mundo, em especial do Brasil, de Rondônia; e da importância deste prêmio para o cinema brasileiro, para o cinema indígena”, recorda.

O documentário O Território [hoje disponível na plataforma de streaming Disney+] já ganhou uma infinidade de prêmios desde o seu lançamento. Antes do Emmy Awards, um dos mais importantes foi no Festival Sundance, no ano ado, quando a obra conquistou o Prêmio do Público e um Prêmio Especial do Júri.


Neidinha com o diretor do filme, Alex Pritz e demais membros da equipe na cerimônia em Los Angeles / Divulgação

No caso do Emmy, o Prêmio de Mérito Excepcional em Cinema Documentário tem como foco homenagear o impacto social da obra, bem como a inovação e o domínio da técnica cinematográfica.  

Para Neidinha, as várias premiações, inclusive o Emmy Awards serviu para “furar a bolha” de trabalhos com temáticas indígenas.

“É uma vitória da luta da gente, da luta por direitos humanos e pela natureza, pela defesa da floresta contra o desmatamento, é a luta contra o marco temporal. A gente chegou muito longe. A gente vê pessoas dentro do avião conversando sobre o filme, querendo saber sobre a nossa luta. Pessoas que a gente nunca tinha visto falando sobre a nossa causa e comemorando. Eu desço [em Rondônia] e uma senhora sabe, no meu Estado [que é um estado de extrema direita] pedindo para tirar foto, comemorando junto com a gente. Às vezes, filmes como esse atingem um nicho, uma bolha, mas O Território fez a gente furar a bolha”, comemora a ativista.

Entre outros produtores do filme está o cineasta Darren Aronofsky, diretor do recente A Baleia, pelo qual o ator Brendan Fraser recebeu o Oscar de Melhor Ator em 2023.

Indígenas fizeram a filmagem


Bitaté Uru-Eu-Wau-Wau Juma durante as filmagens / National Geographic/ Divulgação

O filme narra a história de luta e resistência dos indígenas da etnia Uru-Eu-Wau-Wau, de Rondônia pela defesa território e na luta contra invasões, conflitos e ameaças de grileiros e fazendeiros. A narrativa mostra situações de apreensão dos indígenas em situações de perigo à floresta e às comunidades, mas traz também momentos de lazer e rotina da aldeia Uru-Eu. Alguns dos momentos mais marcantes é quando aparece o líder Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que acabou sendo assassinado em abril de 2020.

As gravações ocorreram em um dos períodos mais sombrios da história recente, durante o governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) que implementou no país uma política anti-indígena, e que prometeu e cumpriu a promessa de não regulamentar um território indígena sequer, durante seu governo.

Foi durante a gestão de Bolsonaro que explodiram o número de invasões em territórios indígenas em todo o País, além do que foi registrado um dos maiores desmontes de políticas ambientais que se tem notícia no Brasil. 

Para completar, a obra foi filmada durante a pandemia do novo Coronavírus, que vitimou só no Brasil, 708.638 pessoas. E como não havia permissão para entrar nos territórios indígenas durante este período, foram os próprios indígenas que fizeram as filmagens.

Neidinha diz à Amazônia Real que durante a produção do documentário, não houve contato direto com os indígenas. Os equipamentos para as filmagens eram deixados na divisa do território em sacos plásticos e tudo era desinfetado para evitar o contágio pela Covid-19. Os indígenas recebiam orientação online sobre como operar os equipamentos, além de receber instruções sobre o que filmar. “O Bitaté falou: ‘Olha, a gente sabe fazer melhor que isso, então vamos fazer do nosso jeito’,” revela Neidinha. O resultado foram imagens surpreendentes.

O Território narra ameaças e pressões sofridas pelos indígenas Uru-Eu-Wau-Wau, que em um cenário de total abandono por parte do poder público, resolvem, eles mesmos, criar um grupo para defender o próprio território, de ameaças externas.

Os protagonistas da história são o jovem líder indígena Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau, que é quem lidera o grupo indígena na defesa do território; e a ativista Neidinha, de 63 anos, a quem Bitaté considera como a sua segunda mãe, já que ela o conhece desde quando ele era apenas um bebê.  

Neidinha lembra que nem ela ou Bitaté imaginavam que o documentário fosse chegar tão longe. “A gente rachava o bico [expressão que significa ‘achar graça’] no início. O Bitaté me disse certa vez: ‘Mãe, eu achava que o povo nem ia nos assistir. Achei que não ia dar em nada o nosso filme’. A gente achava que seria só mais um documentário, que para nós seria importante, mas talvez não para o resto do mundo. E foi legal porque a National Geographic comprou o filme e a gente ficou de cara [espantados]. Andamos por vários países apresentando o documentário, palestrando, falando sobre a causa indígena e foi em pleno período Bolsonaro e de pandemia”, pontua Neidinha. 

Celebração


Txai Suruí; Bitaté Uru-Eu–Wau-Wau-Juma; Ivaneide Bandeira, a Neidinha Suruí, e diretor do filme, Alex Pritz com membros da equipe na cerimônia em Los Angeles / Divulgação

Txai Suruí, em uma postagem no seu Instagram, disse que a vitória no Emmy foi a “celebração e reconhecimento das vozes e das narrativas em defesa dos territórios, da resistência e luta que permeia a vida dos povos indígenas do Brasil”.

O Território tem a direção do cineasta norte-americano, Alex Pritz, que comemorou e muito a conquista do Emmy. “Receber o reconhecimento de nossos pares, ao lado de um grupo tão incrível de indicados, é uma honra inacreditável”, disse Pritz, em matéria publicada no site Deadline. “Partilhamos este prémio com comunidades de todo o mundo que se levantam em defesa da habitabilidade contínua do nosso planeta e lutam por um futuro melhor”.

“Ganhamos, meu povo merece principalmente minha comunidade, meu povo Uru-Eu-Wau-Wau, minha associação de Jupaú, trabalho que não é só meu, é nosso! Estou muito feliz por isso, representando minhas lideranças e é isso. Vencemos e tem mais por vir futuramente”, disse Bitaté-Uru-Eu-Wau-Wau, em sua rede social.

Por ser filho de mãe do povo Juma e de pai do povo Uru-Eu-Wau-Wau, Bitaté divide-se entre dois territórios, entre Rondônia e sul do Amazonas. Ele é neto de Aruká Juma, um dos últimos de sua etnia. Mesmo com pouca idade, ele tornou-se liderança de seu povo. Em 2021, como parte do grupo indígenas que fizeram parte do Blog Jovens Cidadãos, ele escreveu sobre a relação com os avós. O Blog Jovens Cidadãos é um projeto criado pela Amazônia Real, iniciado nos anos de 2018 e 2019, e que resultou em uma seção no site da agência, no qual as próprias jovens lideranças narravam sua realidade.

Da leitura que trouxe inspiração para a vida


Neidinha com o diretor do filme, Alex Pritz, e membros da equipe na cerimônia em Los Angeles / Divulgação

Neidinha é uma das fundadoras da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, uma das organizações mais reconhecidas do país em defesa dos povos indígenas. Ela nasceu no Acre e chegou em Rondônia com pouco mais de seis meses de vida. A mudança de estado se deu porque o pai dela, seringueiro, começou a trabalhar em um seringal dentro de onde hoje é a terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

Ela saiu do território aos 12 anos para estudar. Antes disso, aprendeu a ler em revistas sobre o velho oeste americano. Para ela, o retrato daquelas histórias se repete, de certa forma, no Brasil de hoje.

“Na literatura os indígenas sempre eram mortos e os coronéis eram os ‘heróis’ para o avanço do Oeste, o que para mim é muito parecido com o avanço da colonização do Brasil, o avanço na Amazônia, não é diferente do faroeste americano”, opina.

A ativista conta que o sucesso de O Território trouxe mais trabalho e também mais ameaças. Apesar disso, Neidinha ressalta que o filme não cria heróis ou vilões. “Eu não queria um filme onde a gente fosse herói e o outro lado bandido. A gente queria a realidade. O filme consegue ver tanto a pressão em cima do povo indígena quanto a pressão em cima do pobre que é usado, manipulado para grilar terra para o grande ir tomar”, analisa a ativista, para quem a película serviu para, no fim, reforçar a ideia que ela está na direção certa.

“Fortaleceu em mim a certeza que não estou errada na minha luta, porque tem momentos que tu estás tão ameaçado, tão pressionado, que você pensa em maneirar, mas a reação das pessoas em todo o mundo fortaleceu as nossas convicções”, finaliza.

O Emmy Awards tem cerimônias realizadas em separado. Na etapa de domino ado, a edição é chamada também de Creative Arts Emmy Awards, que premia categorias técnicas e especiais de séries e programas, mas que também inclui participações especiais. A edição final do Emmy Awards de 2024 acontece no próximo dia 14.

Conteúdo originalmente publicado em Amazônia Real
Tags: direitos ambientaisdireitos dos povos originários
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