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Opinião

A morte como horizonte: genocídio e limpeza étnica em Gaza

Os momentos mais “calmos”, entre os intensos bombardeios israelenses, revelam diversas paisagens de morte

25.out.2023 às 20h13
São Paulo (SP)
Isabela Agostinelli

Bairros inteiros reduzidos a escombros, segundo a ONU, Israel já destruiu 42% das moradias civis de Gaza - Mahmud Hams / AFP

Desde o dia 07 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza tomou espaço cotidiano nos noticiários de todo o mundo. Após a incursão terrestre sem precedentes do Hamas à região fronteiriça de Gaza com Israel, este “reagiu”, alegando direito de defesa e a necessidade de acabar com o Hamas, com intensos bombardeios e cortes no fornecimento de água, eletricidade e alimentos – recursos básicos para toda e qualquer vida humana. 

A ONU publicou que, no domingo (22), 44 mil garrafas de água entraram em Gaza, o que aliviaria a necessidade de 22 mil pessoas por apenas um dia, se contabilizarmos duas garrafas por pessoa. Na segunda-feira (23), três caminhões entraram em Gaza, pelo posto de Rafah na fronteira com o Egito, com 4 mil galões de água, de 10 litros cada. Isso cobriria a necessidade de 13 mil pessoas por somente um dia.

A Faixa de Gaza conta hoje com mais de 2,1 milhões de habitantes, e 95% da água disponível na região é imprópria para consumo humano. Ainda segundo a ONU, desde o início da guerra, os habitantes de Gaza vivem com no máximo 3 litros de água por dia, enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é 50 litros diários – para beber, cozinhar e realizar higiene pessoal.

O Estado de Israel afirma se preocupar com questões humanitárias, ao avisar previamente que bombardearia a região norte de Gaza e recomendar que a população local – mais de 1 milhão de habitantes, pouco menos da metade da população total da Faixa – se deslocasse para o sul. Foi este mesmo Estado que bombardeou a população que se deslocava forçadamente para o sul de Gaza.

Importante ressaltar que Gaza está bloqueada por Israel e Egito desde 2007, de forma que a população que ali vive não tem nem ao menos para onde fugir. De 07 a 24 de outubro, mais de 5 mil palestinos já foram mortos pelos ataques israelenses, incluindo 2 mil crianças, mais de 16 mil estão feridos e há mais de 1,4 milhão de deslocados internos, de acordo com dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Em um espaço isolado e precário, com hospitais sendo bombardeados e os poucos que restam sofrendo com falta de eletricidade, água, combustível e equipamentos médicos. Na terça (24), a OMS declarou que os hospitais em Gaza estavam colapsando, sem o mínimo recurso, e seis deles tiveram que fechar por falta de combustível. 

Neste cenário, a Faixa de Gaza, de acordo com especialistas, se tornou um verdadeiro campo de genocídio e limpeza étnica.

Para além dos números de mortos e feridos, as cenas são chocantes: bairros inteiros reduzidos a escombros (segundo a ONU, Israel já destruiu 42% das moradias civis de Gaza); o ar tomado pela poeira das casas destruídas; crianças escrevendo seus nomes em seus braços para que possam ser identificadas caso morram nos bombardeios; pessoas cujas casas foram bombardeadas agora morando em tendas. 

Mas, uma cena em específico salta aos olhos: crianças brincando de funeral dentro de um hospital em Gaza. Isso nos leva a indagar desde quando a morte se tornou a condição normalizada da existência em Gaza.

Embora ocorra com mais frequência durante as operações militares de Israel em Gaza, a morte se tornou um evento cotidiano e que ocorre até mesmo nos momentos considerados de “paz”, isto é, quando se instaura os acordos de cessar-fogo entre Israel e Hamas. Essa realidade marca a vida cotidiana de Gaza desde pelo menos 2005, quando o Estado de Israel retirou todos os seus assentamentos de dentro da região, mas ao mesmo tempo continuou – e inclusive fortaleceu – o controle das fronteiras terrestres e do espaço aéreo e marítimo de Gaza.

Desde 2005, a vida em Gaza tem sido sufocada, situação que piorou após a instauração do bloqueio terrestre, aéreo e marítimo de 2007, após o Hamas tomar o poder no governo da região. Embora argumente não ocupar mais Gaza e, por conta disso, não ser mais responsável por aquela população, o Estado de Israel continua controlando tudo o que entra e sai da região – pessoas, alimentos, remédios, entre outros.

A mobilidade dos palestinos de Gaza ficou ainda mais restrita a partir de então e, por vezes, pode ser letal. É o caso de pacientes com câncer ou outras doenças que precisam de tratamento ou cirurgias fora de Gaza, afinal os hospitais da região são precários. Além disso, Israel não permite a entrada de máquinas de raio-x, por exemplo, argumentando que trata-se de um item de dupla utilização, isto é, que pode ser usado pelo Hamas para praticar atos terroristas.

Relatórios da organização israelense de direitos humanos, a Gisha, revelam os efeitos brutais da política de restrição de circulação de pessoas e produtos para dentro e fora de Gaza. Exemplos incluem a separação de famílias que vivem em Gaza e na Cisjordânia; a impossibilidade de trabalhar ou estudar fora de Gaza; a entrada de uma quantidade insuficiente de alimentos, o que gera uma situação de insegurança alimentar; a proibição da entrada de materiais de construção, entre outros.

Essa realidade coloca os palestinos de Gaza em um limbo entre vida e morte, ou ainda em um continuum de morte lenta e morte rápida. Caso não morram nos bombardeios ou sob os escombros, que seria a morte rápida, os palestinos de Gaza enfrentam o que eles mesmo chamam de morte lenta, resultado da violência infraestrutural que Israel inflige a eles.

Em entrevista à Al Jazeera, a habitante de Gaza Walaa Ammar declarou que os palestinos da região “morrem lentamente todo dia”. Já a jovem Afaf Alnajjar (21), contou à Time que “parece que estamos mortos, mas nossa morte está pendente”. O jornalista Adnan Elbursh, da BBC, afirmou que “parece que só fugimos de uma morte para outra. Não há um único centímetro seguro em Gaza”. 

Os momentos mais “calmos”, entre os intensos bombardeios israelenses, revelam diversas paisagens de morte que se instauraram na Faixa de Gaza: cemitérios lotados, valas comuns e funerais em massa se tornaram cenas comuns. A situação está tão crítica que alguns têm denunciado o forte cheiro de morte por conta das centenas de corpos em decomposição sob os escombros dos prédios bombardeados.

Parte de um longo histórico de colonização, expulsão e eliminação da população palestina, o que Israel tem feito nas últimas semanas em Gaza talvez seja a ação mais mortífera que testemunhamos. Aqueles que sobrevivem aos bombardeios enfrentam um cotidiano de falta de recursos básicos, como água, eletricidade, alimento e medicamentos, cuja entrada em Gaza é totalmente controlada por Israel. Mais do que uma punição coletiva com justificativa de combater o “terrorismo do Hamas”, os bombardeios a uma região totalmente cercada, de onde sequer é possível para fugir, combinados ao controle da infraestrutura e recursos, resulta em uma verdadeira política da morte perpetrada por Israel com apoio dos EUA.

Enquanto não há o cessar-fogo, os palestinos de Gaza tentam escapar de uma morte para outra, com pouca esperança no horizonte próximo.

*Isabela Agostinelli é doutora em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP) e pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais da PUC-SP

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato

Editado por: Leandro Melito
Tags: conflito em gazaisraelpalestina
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