Em visita à Feira Nacional da Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no último sábado (13), Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, defendeu a permanência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no escopo do seu ministério.
“A Conab trabalha com o agricultor familiar. Qual o programa mais forte da Conab hoje? O PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que deve ser feito junto ao pequeno agricultor. É um trabalho artesanal, diagnosticando a situação do agricultor, que se relaciona com outros órgãos e políticas públicas. Isso não é vocação do Ministério da Agricultura, sua grande vocação é a cultura de escala. Portanto, a Conab deve ficar no MDA”, defendeu Teixeira, que subiu o tom com o agronegócio.
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“Quem está tentando tirar a Conab [do MDA] são os perdedores, os bolsonaristas. Não podemos permitir que quem perdeu a eleição faça uma loucura dessa. Eles estão bem, por que não deixar o agricultor familiar crescer e produzir?”, perguntou o ministro.
Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, também defendeu a permanência do órgão no MDA. “O presidente Lula decidiu que a Conab estará sob o guarda-chuva do MDA, que está sendo recriado. A Conab não deixará de prestar os trabalhos que sempre fez para o agro, que vão muito bem, semana ada fizemos o anúncio de mais uma supersafra, vamos colher 312 milhões de toneladas de grãos, o que é muito bom para o nosso país. Por outro lado, será a menor safra de arroz dos últimos 23 anos e a menor lavoura plantada de feijão desde 1988.”
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O presidente da Conab lembrou, ainda, que Lula “venceu as eleições e têm o direito de implementar o seu governo para implementar seu projeto. A Conab já tem uma decisão do presidente Lula, que foi respeitada pelo conjunto dos movimentos, inclusive o MST, mas que precisa ser respeitada pelos outros setores.”
A manutenção da Conab no MDA é um desejo do MST, que foi levado a Lula logo após a eleição. “O movimento defende a permanência da Conab no MDA, porque ela cumpre um papel estratégico que foi definido como prioridade pelo presidente Lula, que é o combate à fome”, afirmou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST.
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Fogo amigo
De olho nas atribuições de estocagem e de preços mínimos da Conab, a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), que aglutina 300 parlamentares do Congresso Nacional tem defendido a ida do órgão para o Ministério da Agricultura e Pecuária. A ideia tem o apoio do chefe da pasta, Carlos Fávaro.
“Não faz sentido o Ministério da Agricultura não ter vínculo direto com a Conab. Aí, sim, é um ponto que venho dizendo: não existe política agrícola sem vínculo com a Conab. Esse é um ponto que precisa ser corrigido porque senão, por exemplo, não conseguimos apoiar a comercialização de produtos que estão abaixo do preço mínimo”, disse Fávaro, no último dia 3, em audiência na Câmara dos Deputados.
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Pretto argumenta que se o MDA voltar para a Agricultura há o risco de uso equivocado do órgão, que poderia ar a atender os interesses do agronegócio e não do país. “Se a fome voltou, foi porque a Conab deixou de fazer seu papel também, entre outras questões. Mas veja, a Conab não fez mais estoque público e deixou que a produção do alimento fosse regulado pelo mercado. Aconteceu o que vimos, a inflação geral dos últimos quatro anos foi de 30% e a inflação dos alimentos foi 57%. A Conab inviabilizou os agricultores familiares.”
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