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DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Análise | Haiti: a luta por um projeto de país entre as garras da “comunidade internacional”

Haiti volta a ser notícia devido a protestos e à crise que se agrava na ilha; população rejeita intervenção estrangeira

19.out.2022 às 16h04
Haiti
Jackson Jean

Protesto no Haiti - Richard Pierrin / AFP

Há quase um mês o povo haitiano luta contra um projeto promovido pelo Escritório Integrado da ONU no Haiti (BINUH), o CoreGroup e a oligarquia haitiana com a conivência do primeiro-ministro Ariel Henry, líder do regime de extrema direita do país (PHTK).

O povo exige o fim do atual regime por meio de uma transição para um governo bicameral que foi acordada por todos os setores populares com o objetivo de realizar eleições democráticas, na contramão do que a chamada comunidade internacional quer orquestrar: eleições rápidas em um país onde um terço do território é controlado por quadrilhas armadas que semeiam o terror, o que facilitaria a continuidade da política de privatização de instituições públicas e o controle de recursos estratégicos por estrangeiros.

LEIA MAIS: Governo não apura acordo de Braga Netto com firma suspeita de morte do presidente do Haiti

O campo de batalha do povo é a rua: diante do silêncio do governo e sua incapacidade de chegar a um acordo político, os setores populares lançam uma operação chamada "bwa kale" (desobediência civil), através da qual são barrados pontos estratégicos por onde as autoridades e grandes empresas circulam, e a violência política e a brutalidade policial são respondidas com violência.

No entanto, a luta não se resume à rua, ela é também simbólica e narrativa. As manifestações na capital sempre começam em frente à embaixada da França ou à estátua de Dessalines, com uma cerimônia mística (pedindo forças às margens do panteão do vodu haitiano). Após a cerimônia, os manifestantes seguem pela rua Capois-la-mort, cujo nome homenageia um herói da batalha pela nossa independência (François Capois), entram na avenida Jean Jacques Dessalines, o libertador e pioneiro da tática militar "terra arrasada" e da famosa ordem: "cortem as cabeças, queimem as casas dos colonialistas".

Mais tarde, continuam pela rua Martin Luther King, ativista pró-independência muito conhecido no Haiti, até chegarem debaixo da ponte da resistência de Delmas, local simbólico por ter sido construída pelo governo do PHTK, partido do presidente assassinado Jovenel Moise. A construção foi financiada com dinheiro do PetroCaribe venezuelano, que levou a um caso de superfaturamento em escândalo de desvio de dinheiro público. 

Esse é também o ponto de encontro com os "Bwa Kale" (Desobedientes Civis) de Cité Soleil para ir até a embaixada do Canadá ou dos Estados Unidos. Nas últimas manifestações, foi possível observar muitas bandeiras pretas e vermelhas (a bandeira da Independência do Haiti) e bandeiras russas e chinesas, como forma de frisar que o principal inimigo são os Estados Unidos e o Ocidente.

Muitos consideram que essas manifestações não visam apenas impedir uma possível ocupação, considerando que "o país já vive sob uma ocupação mental, discursiva, cultural", mas também continuar lutando e enfraquecendo o poder que os símbolos, instituições, ferramentas e visões/critérios ocidentais impostos têm como resultado das colonizações.

SAIBA MAIS: Em meio à crise de violência, governo e partidos de oposição retomam diálogo nacional no Haiti 

As faixas e os relatos do povo não dizem "securitização", mas "invasão", não dizem "humanitarismo", mas "parasitismo", não dizem "tropas armadas da ONU", mas "Gangues Armadas da ONU” etc.

Por isso, todos os setores, apesar das divergências que existem, entendem que a solução haitiana para a crise atual tem que ser radical e implica a destituição de Ariel Henry para acabar com o regime vigente. Além disso, há um consenso claro pela não intervenção ou interferência de países estrangeiros nos assuntos haitianos. Em vez disso, há um acordo geral sobre uma solução política que seja construída pelos haitianos e para os interesses do povo haitiano.

Outros pontos-chave da luta popular haitiana

Nas mobilizações realizadas nas comemorações de 17 de outubro, dia do assassinato do libertador do Haiti, Jean Jacques Dessalines, os setores populares e progressistas realizaram atos dignos da "diplomacia popular", pedindo solidariedade aos países "amigos históricos" do Haiti, como, por exemplo, a Rússia, que também tem direito de veto na Organização das Nações Unidas (ONU) e pode barrar o projeto de ocupação promovido pelo Core Group (Embaixadas da Alemanha, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, União Europeia, OEA).

Para entender o apelo à solidariedade à Rússia com o título de "amigo histórico" do Haiti, devemos voltar no tempo, ao momento em que o rei francês Carlos X assinou uma portaria, em 17 de abril de 1825, e mandou seu enviado especial, o Barão de Mackau, acompanhado por uma verdadeira frota de guerra, em uma missão para obrigar o povo haitiano a pagar mais de 100 milhões de dólares (equivalente atual). Caso contrário, seria invadido e estaria sujeito a um "bloqueio econômico".

Naquela época, o imperador russo, Alexandre I, pressionou para que a França reconhecesse a nossa independência, ignorando a questão da indenização exigida pelos ses e dando assim uma lição moral e ética. "A Rússia não poderia privar seu povo das vantagens consideráveis que [o Haiti] oferece e que, se recusadas, poderiam não ser igualmente rejeitadas por todas as outras potências."

SAIBA MAIS: Organizações populares do Haiti pedem que China e Rússia vetem renovação de missão da ONU

"A França deve fazer valer este reconhecimento da independência do Haiti, da qual depende inteiramente a de outras potências, e aproveitá-lo para obter grandes vantagens comerciais", acrescentou o imperador russo à época. No contexto da situação atual, tanto nos depoimentos dos manifestantes quanto nas redes sociais, essas páginas da história escritas principalmente por pesquisadores de destaque, como Louis E. Elie e Emmanuel Chancy, foram massivamente divulgadas.

Este também é o caso de outros países, como Venezuela e Cuba. É possível observar isso nos relatos históricos de Clément Lanier, que mostrou que muitos líderes latino-americanos estavam preocupados com a invasão do Haiti pela França a ponto de propor a criação de uma aliança militar de países, em sua maioria latino-americanos, para defender a ilha em caso de uma possível invasão sa.

Muitos dos países chamados à solidariedade pelos setores da oposição atualmente não são muito amigáveis com ocidentais e anglo-saxões, o que permite sustentar a presença do princípio diplomático: "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". 

Em conclusão, a luta do povo haitiano é uma luta por um projeto cultural, por uma narrativa, uma luta histórica e (geo)política contra os supostos "amigos do Haiti". Aqueles que foram colonizadores ou invasores no ado, e que estabeleceram seus símbolos, instituições e agentes de dominação discursiva, mental, econômica e política no país.

*Jackson Jean é jornalista e ativista no Haiti.

Editado por: Arturo Hartmann
Traduzido por: Isabela Gaia
Tags: crisehaitiluta popularonu
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