Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

devasta biomas

Análise | Agronegócio, pandemia e fome: um triângulo indissociável

O agronegócio tem sido um amplificador de crises correlatas, como é o caso da fome

01.nov.2021 às 09h07
São Paulo (SP)
Allan Rodrigo De Campos Silva, Estevan Leopoldo de Freitas Coca e Gerson Antonio Barbosa Borges

Renda do trabalhador diminuiu, desemprego e fome aumentaram - Foto: Giorgia Prates

O agronegócio, como parte do atual Regime Alimentar Corporativo, tem criado problemas sociais, econômicos e ecológicos. A produção de commodities prioritariamente para exportação, grilagem de terras, isenções fiscais, destruição ambiental e a prática de diferentes tipos de violência contra os povos camponeses e originários formam algumas dentre as principais pegadas deste sistema orientado pela lógica da acumulação capitalista.

McMichael (2016) argumenta que o Regime Alimentar Corporativo inverteu a ordem da relação Estado x mercado. Outrora os mercados serviam aos Estados, hoje é o inverso. Ilustrando o caso brasileiro, os representantes do agronegócio estão e são parte do Estado em diferentes governos e escalas istrativas, participando diretamente das decisões estratégicas da governança em prol de seu interesse.

Isso se dá por meio de uma concertação política em que o bloco intersetorial que compõe o agronegócio age de forma coordenada, multilateral, sistemática e institucionalizada para convencer a opinião pública e o Estado sobre sua imprescindibilidade (POMPEIA, 2021). Desse modo, com as botas, a caneta e o laptop nesses territórios, o agro tem se viabilizado e reproduzido.

:: "O Agro não é pop": estudo aponta que a fome é resultado do agronegócio ::


Colheita da soja em Campo Novo do Parecis no estado do Mato Grosso (MT) / Yasuyoshi Chiba / AFP

A produção realizada sob as bases do agronegócio, além de transformar os sistemas produtivos, os circuitos de distribuição e a qualidade dos alimentos, vem devastando os diferentes biomas do Planeta Terra. A destruição da natureza para avançar na extração de minerais, cultivo de cereais e criação de animais, a partir de complexos intensivos ou extensivos, está eliminando os habitats naturais dos seres vivos que hospedam os vírus, concomitantemente, aproximando ambos das criações intensivas de aves e porcos, por exemplo.

A combinação entre eliminação de barreiras naturais e aproximação dos hospedeiros a animais sem diversidade genética e imunológica e debilitados pela grande ingestão de antibióticos e hormônios incrementa a reprodução e a mutação de vírus e bactérias (DAVIS, 2005; WALLACE, 2020). Como o desmatamento tem sido uma das principais características da territorialização do agronegócio, podemos afirmar, assim, que ele é o responsável por nos tornar mais próximos do contato com esses patógenos.

:: Indígenas Kapinawá denunciam desmatamento no Parque Nacional do Catimbau ::

No caso do vírus Sars-CoV-2, a principal hipótese aponta para a destruição das florestas do sudeste asiático em consonância com a modernização agropecuária como a causa sistêmica para a emergência da pandemia da covid-19 (WALLACE, 2020). Circulando entre as cadeias globais das commodities, principalmente da carne suína e de aves, os vírus evoluem e se espacializam nas pequenas, médias e grandes cidades, aumentando a probabilidade da infecção humana tal como a epidemia de influenza H5N1, em 2005, e a pandemia de influenza H1N1, em 2008. Com isso, afirmamos que o agronegócio é um exemplo de que o capitalismo é doente e gera doenças.

No início de setembro de 2021 foram notificados dois casos de Encefalopatia Espongiforme – a Doença da Vaca Louca – em bovinos no Mato Grosso e em Minas Gerais. Investigações iniciais, supervisionadas pela Organização Mundial da Saúde Animal, concluíram que os casos seriam atípicos e que podem ocorrer em animais de idade mais avançada. Uma vez que o mercado de carnes é regido por preços em bolsa de valores, não seria estranho ao negócio que produtores estejam especulando com o tempo de vida dos animais, postergando o tempo de abate para conseguir animais mais pesados e melhores preços.


A destruição da natureza para avançar na extração de minerais, cultivo de cereais e criação de animais está eliminando habitats de seres vivos/ Corpo de Bombeiros de MS

Outra hipótese aponta para o uso das carnes de animais contaminados na alimentação dos bovinos em engorda. Apesar de ser uma doença priônica – ou seja, causada por partículas proteicas infecciosas produzidas pelo próprio organismo – o contágio pela Vaca Louca pode acontecer em caso de ingestão da carne do animal doente. Porquê e em que frequência bovinos mais velhos e doentes estão sendo abatidos em frigoríficos para consumo humano é a pergunta que não quer calar.

::Situação de famílias piora nas periferias por conta da crise econômica e de notícias falsas::

Não bastasse isso, além de ser um dos responsáveis pela emergência de crises de grande extensão, como a da COVID-19, o agronegócio tem sido um amplificador de crises correlatas, como é o caso da fome. Tomando o caso brasileiro mais uma vez como exemplo, o setor agropecuário de exportação, sob embargo chinês, mantém armazenadas 100 mil toneladas de carne bovina que teriam como destino o mercado asiático.

Enquanto isso, de acordo com a última pesquisa da Oxfam (2021), do total de 211,7 milhões de brasileiros(as), 116,8 milhões, pelo menos, estão convivendo com algum grau de insegurança alimentar; destes, 43,4 milhões não têm alimentos em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades básicas, e 19 milhões de brasileiros(as) enfrentam a fome. Ao transformar a alimentação em mercadoria, o agronegócio istra cinicamente um mercado em superprodução e a própria fome em nome da lucratividade.

:: Impulsionadas pelo desmatamento, emissões de CO2 do Brasil aumentam 9,5% em 2020 ::

Com o elevado índice de desemprego e a desestruturação das políticas públicas, a exemplo do Bolsa Família e do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), aos brasileiros empobrecidos, que ainda conseguem adquirir algum tipo de alimento, sobra a busca por restos de carcaças de animais abatidos e resíduos de arroz e outros cereais, pois o agronegócio produz para obter taxas elevadas de lucro, e não para ofertar alimentos aos que deles necessitam.

Podemos concluir, neste breve texto, que o “agro é tech”, o “agro é pop”, como dizem seus representantes no Brasil. Porém, sob uma outra perspectiva: ele é “tech, “pop”, enquanto um dos principais protagonistas no avanço da fome e das pandemias.

 

*Gerson Antonio Barbosa Borges é militante do MPA, Especialista em Economia e Desenvolvimento Agrário pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestrado em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Atualmente é doutorando em Geografia pela UNESP.

**Estevan Leopoldo de Freitas Coca é doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com período sanduíche na University of British Columbia (UBC). Atualmente, atua como professor Adjunto da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) – curso de Geografia.

***Allan Rodrigo de Campos Silva é geógrafo e tradutor, Doutor em Geografia Humana pela USP. Membro do Fórum Popular da Natureza e do Coletivo Editorial Igrá Kniga.

****Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

 

Referências

DAVIS, Mike. O monstro bate à nossa porta. Ed. Record, Rio de Janeiro, 2006.

MCMICHAEL, Phillip. Regimes alimentares e questões agrárias. São Paulo; Porto Alegre: Editora UNESP; Editora da UFRGS, 2016.

POMPEIA, Caio. Formação política do agronegócio. São Paulo: Elefante, 2021.

REDE PENSSAN. Insegurança alimentar e Covid-19 no Brasil. Rio de Janeiro: Rede PENSSAN, 2021.

WALLACE, Rob. Pandemia e agronegócio: doenças infecciosas, capitalismo e ciência / tradução Allan Rodrigo de Campos Silva. São Paulo: Elefante, 2020.

Editado por: Vivian Virissimo
Tags: agronegóciocapitalismodesmatamento
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja *
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Racionais MCs

‘Não tem romantismo, é real’: KL Jay fala sobre a exposição do Racionais, cultura periférica e resistência

Abraço Guarapiranga

‘Ameaça é o que não falta’: Abraço Guarapiranga neste domingo (1º) denuncia avanço de projetos rodoviários nos mananciais de SP

NÃO PODE MENTIR

Justiça Eleitoral cassa mandato do vereador de São Paulo Rubinho Nunes por divulgar laudo falso contra Boulos

MEMÓRIA

Mais um bom combatente, que deixa muitas saudades

Ameaça ambiental

Atos contra PL da Devastação acontecem neste domingo (1º) em todo o Brasil

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.