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Classismo

Artigo | Universidade para poucos: o ministro da Educação e o preconceito de classe

Discriminação se matiza entre ideia de que os pobres são menos inteligentes, não se esforçam e, por isso, não têm mérito

17.ago.2021 às 19h04
Rio de Janeiro
Gaudêncio Frigotto

O pastor evangélico e minisdtro da Educação, Milton Ribeiro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro - Reprodução/ Facebook Milton Ribeiro

A afirmação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que a Universidade deveria ser para poucos e que a grande maioria deveria seguir o caminho da educação profissional diga-se, a seu crédito, não é apenas uma posição explícita sua, mas a da classe social a que pertence e representa.

Não se trata aqui de fazer um julgamento moral, mas de analisar o sentido social do que afirma. Pode-se, assim, afirmar que a sua fala é coerente com as políticas educacionais de direita ou de extrema direita que vêm sendo disputadas historicamente em nossa sociedade e que desde a década de 1990 se afirmam em seu caráter classista excludente de forma clara ou dissimulada.

::Estudantes protestam em frente ao MEC contra cortes na Educação e declarações do ministro Ribeiro::

Com efeito, se examinarmos as contra-reformas educacionais da gestão dos oito anos do ministro Paulo Renato de Souza nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, as  conta-reformas na educação após o golpe de Estado de 2016 e, agora, sob o governo de extrema direita, vemos que o preconceito de classe se matiza entre a ideia de que os pobres são menos inteligentes, não se esforçam e, por isso, não têm mérito, às posturas de ódio – especialmente, mas não só – com as populações negras e indígenas. Aqui, ao preconceito de classe, soma-se o de raça.

“Odeio, odeio, odeio esse termo povo indígena” (ex ministro da Educação Abraham Weintraub em reunião ministerial de 22/04/2020)

Paulo Renato de Souza oficializou a dualidade educacional sob a tese de que quem precisa trabalhar não deveria ter o mesmo ensino médio básico que os demais.  Esta separação foi parcialmente restabelecida nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff mediante um Decreto Lei  que permitia restabelecer o ensino médio integrado.

Com o golpe de Estado de 2016, o mesmo grupo que conduziu a política educacional na gestão Paulo Renato de Souza conduziu a contra-reforma do ensino médio, dissimulando a dualidade mediante a oferta de cinco itinerários formativos com o argumento de que agora os jovens teriam a autonomia para escolher.

Na prática, o que vai ocorrer na maioria das escolas públicas do Brasil onde estudam as filhas e filhos da classe trabalhadora é a oferta do quinto itinerário, formação profissional, em escolas sem laboratórios e sem professores preparados para isto.  Mas a lei já tem o gatilho de permitir as parcerias com o setor privado e parte da carga horária por meio remoto. Portanto, a tese que o jovem pode escolher entre os cinco itinerários é falsa, quer  pelas condições objetivas das escolas, quer pelas condições reais dos alunos,

O efeito, mediante dispositivo legal, é a negação à educação básica. Esta entendida como o o, tanto aos conhecimentos das disciplinas que permitem entender as leis da natureza, quanto àquelas que facultam entender as relações socais.

Conhecimentos fundamentais para entender, por exemplo, as pandemias, o aquecimento global, a concentração da propriedade e da renda na mão de cada vez menos famílias ou grupos e o aumento sistemático da desigualdade que se manifesta pela pobreza, extrema pobreza e pela fome.

::Parlamentares, docentes e pós-graduandos apontam caráter ideológico da atuação MEC::

Mas o pior para as gerações atuais de jovens completa-se com a ascensão ao poder da nação em 2019 do bloco de forças de extrema direita que se expressa pela junção de três fundamentalismos.

O econômico, para o qual o mercado se torna o regulador das relações sociais numa das sociedades mais desiguais do mundo, onde o critério de justiça e igualdade social é substituído pela ideologia da meritocracia. O político, que se guia pela pedagogia do ódio e da ameaça de anulação de adversários e do pensamento crítico divergente.


Em Brasília, no último dia 11, estudantes realizaram ato no MEC contra declarações do ministro da Educação e contra os cortes de financiamento da área. LEIA MAIS/ Matheus Alves

Finalmente, o fundamentalismo religioso, este que busca subordinar a ciência à crença e impor os valores moralistas particulares como sendo universais. “Nossos quilombos estão crescendo e os meninos estão nascendo nos quilombos e seus valores estão lá. Então, tudo vai ter que ver a questão dos valores.” (ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares, também na reunião ministerial de 22/04/2020).

O desmanche ao direito à educação básica pela contra-reforma do ensino médio por si já nega às gerações de jovens os fundamentos científicos e culturais para a travessia à dupla cidadania: política e econômica. A primeira que supõe bases para uma inserção autônoma na vida em sociedade atuando como sujeitos emancipados e, a segunda, os fundamentos das ciências que embasam as tecnologias  nos processos de produção industrial, agrícola e dos serviços.

 Sob o governo de extrema direita de Bolsonaro isto se radicaliza para pior. As Bases Curriculares Comuns Nacionais prevêem a maior carga horária para matemática, língua portuguesa e inglês, diluindo as ciências da natureza, as ciências humanas e  sociais e a arte e à cultura em blocos. O foco, de forma inequívoca, a a ser ideológico e moral.

Por um lado, a militarização das escolas e, por outro, a Política do livro didático focado no controle ao pensamento crítico, genericamente denominado de esquerda ou de marxismo cultural e de ideologia de gênero. Instaura-se, assim, a política em que os professores só podem ensinar o que prescreve a ideologia oficial e esta entendida como não política.  Isto na história tem nome: imposição do pensamento  único de ditaduras e de regimes nazi-fascistas.

E o que dissimula a afirmação que o futuro da educação para maioria dos jovens é a que se efetiva nos Institutos Federais de Educação Ciências e Tecnologia tomando como referencia a Alemanha?  Este é um surrado jargão para mascarar ao contrário do que são as escolas e as universidades na Alemanha. Por certo o ministro não está se referindo à concepção dos Institutos criados em 2008 que estimulava o ensino integrado e a verticalidade que inclui licenciaturas, pós graduação lato e stricto sensu e extensão.

Assim, o que de fato está implícito não é o que se faz na Alemanha, mas no desenho das contra-reformas do ensino médio e das universidades públicas. O que está ocorrendo nos Institutos e nas universidades é o corte absurdo de verbas determinando a exclusão, exatamente dos que mais precisam de uma educação de qualidade: jovens que freqüentam a escola pública, quilombolas, indígenas, ribeirinhos e educação de jovens e adultos.

A pandemia só agravou o que era política implícita: determinar a autoexclusão dos pobres dos institutos e das universidades.  

Um exemplo do que acabo de afirmar é que ao mesmo tempo em que a lei permite 20% da carga horária  por meio remoto no ensino médio e se afirma que no ensino superior o ensino híbrido veio para ficar, Bolsonaro vetou a lei aprovada pelo Congresso, em fevereiro deste ano, que destinava R$ 3,5 bilhões para bancar internet de alunos de baixa renda.

O Congresso derrubou o veto e, portanto,  o governo deveria cumprir a Lei 14.172/2021. Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, de acordo com notícia do portal UOL, afirmou, em 12 de agosto deste ano, que “o governo cometeria crime de responsabilidade caso disponibilizasse R$ 3,5 bilhões a estados e municípios para ampliar o o à internet para estudantes e professores da educação púbica”.

De acordo como o Comitê Gestor da Internet do Brasil, 56% da população rural e 60% das classes  D e E não têm o à internet. Cerca de 70 milhões têm o precário. Esse o precário evidencia-se pelo fato que 56% am por celular e destes 51% por pré-pago. E o que é isso se não exclusão como política de governo?.

Será que a educação básica e profissional na Alemanha, que o Ministro da Educação toma como referencia, padece da mesma precariedade e negação de condições?

O que o Ministro da Educação argumenta como tese, que expressa a política econômica, científica, educacional e cultural do governo que serve a da maioria dos que compõe a classe dominante brasileira, parou na primeira metade do Século XIX, enquanto a Alemanha situa suas políticas no Século XXI.  O Ministro e sua classe continuam com a tese do filósofo e político Desttut de Tracy (1754-1836) que na primeira década do Século XIX afirmava:

Em toda a sociedade civilizada existem necessariamente duas classes de pessoas: a que tira sua subsistência da força de seus braços e a que vive de renda de suas propriedades ou do produto de funções onde o trabalho do espírito prepondera sobre o trabalho manual. A primeira é a classe operária; a segunda é aquele que eu chamaria de classe erudita.

Os homens da classe operária têm desde cedo necessidade do trabalho de seus filhos. Essas crianças precisam adquirir desde cedo o conhecimento, sobretudo, o hábito e a tradição do trabalho penoso a que se destinam. Não podem, portanto, perder tempo na escola. (…) Os filhos da classe erudita, ao contrário, podem dedicar-se a estudar durante muito tempo; têm muita coisa a aprender para alcançar o que se espera deles no futuro. (…)

Esses são fatos que não dependem de qualquer vontade humana; decorrem necessariamente da própria natureza dos homens e da sociedade. (DESTUTT, M. C. de Tracy. Élements d’ Ideologie. In:. FRIGOTTO, Gaudêncio. (Org) Trabalho e conhecimento, dilemas na educação do trabalhador. (São Paulo, Cortez, 1987, p15).

Francisco de Oliveira, em suas análises da classe dominante brasileira, a definia como “A vanguarda do atraso e o atraso da vanguarda”.  O pensamento político, econômico social e educacional do ministro Milton Ribeiro nesta e noutras entrevistas de cunho moralista expressa a síntese desta vanguarda do atraso.

* Gaudêncio Frigotto é filósofo e pedagogo, mestre e doutor em Educação. Professor titular aposentado na Universidade Federal Fluminense e, atualmente, professor associado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Editado por: Vinícius Segalla
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