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Memória

Artigo | Morto há 39 anos, Glauber Rocha pavimentou a utopia no cinema brasileiro

Cineasta do Cinema Novo fez uma reviravolta nas artes para pensar o nacional-popular nos anos 1960

23.ago.2020 às 19h31
Rio de Janeiro (RJ)
Eduardo Miranda
Glauber Rocha

Cineasta mostrou que a arte de esquerda pode ter estética revolucionária e vanguardista - Reprodução

Para o bem e para o mal, a história do cinema brasileiro pode ser dividida entre antes e depois da aparição de Glauber Rocha, cuja partida prematura completa 39 anos no sábado (22). É sabido que Glauber foi não um, mas muitos. Ele sistematizou um pensamento sobre a produção brasileira, pavimentou a estrada do Cinema Novo, escreveu o incontornável manifesto "Uma estética da fome" e se eternizou não apenas nas telas, mas em livros como "Revolução do Cinema Novo", "O Século do cinema" e "Revisão crítica do cinema brasileiro".

Mas em alguma medida, Glauber foi acusado de ser dogmático nas suas proposições de um cinema nacional, embora ele mesmo seja autor de opiniões controversas durante as duas décadas em que filmou o país. Sua iconoclastia quanto ao ado do audiovisual brasileiro antes dos anos 1960 eclipsou talentos como o de Anselmo Duarte, único ganhador tupiniquim da Palma de Ouro, no Festival de Cannes, com "O pagador de promessas". Sua acidez atingiu críticos que torciam o nariz para seus filmes.

Leia também: Artigo | "A hora da estrela" e o olhar feminino na direção de filmes brasileiros

Em consonância com os projetos utópicos do mundo e do Brasil dos anos 1960, sob o governo do presidente João Goulart e as reformas progressistas no horizonte do país, o cinema se viu no campo de batalha e foi Glauber o melhor representante das demandas sociais no âmbito da cultura, antes que o intelectual tradicional fosse destituído de seu pedestal.

Glauber sintetizou o intelectual total descrito pelo escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, aquele sujeito que se coloca em quaisquer assuntos em nome de valores universais.

O baiano atacou a linguagem clássica narrativa de Hollywood que a burguesia paulistana vinha tentando importar nas duas décadas anteriores, sobretudo pelos estúdios da Vera Cruz. Quando convenceu um grupo de jovens cariocas a realizar um cinema de cunho nacional, em que a estética deixasse entrever a carne dilacerada do povo, o cineasta foi acusado de hermético e difícil. Seu estilo se opôs ainda à linguagem mais didática do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (C da UNE), que também mirava a revolução social do Brasil.

Na ressaca da ditadura civil-militar do Brasil, Glauber colheu elogios até mesmo do conservador dramaturgo Nelson Rodrigues. Em uma crítica de 1967 sobre "Terra em transe", Nelson descreveu no jornal Correio da Manhã a cena em que dão a palavra ao povo, mas o povo faz uma "pausa ensurdecedora". "E de repente, o filme esfrega na cara da plateia esta verdade mansa, translúcida, eterna: o povo é débil mental". Glauber estava desiludido com os rumos da revolução.

No conjunto da obra, entre documentário e ficção, o diretor contestou a falsa ideia de que a arte de esquerda deve ser apenas didática e não pode ser esteticamente vanguardista e revolucionária.

Seu "Di-Glauber", de 1977, retrata de forma anárquica e abusada o sepultamento de Di Cavalcanti. Atacado por amigos e familiares do artista plástico, Glauber grita "Morreu Di Cavalcanti, o último grande pintor modernista. Precisamos filmar!", ouvimos enquanto assistimos ao documentário de "humor modernista-surrealista", segundo ele mesmo.

Em 1980, muito antes que DVDs e a Netflix possibilitassem ao espectador o embaralhamento de cenas de uma obra audiovisual, Glauber lançou o incompreendido "A Idade da Terra", filme-testamento de quase três horas de duração. Durante a projeção, ficaria a critério do projecionista da sala de cinema decidir a ordem de exibição de cada rolo do filme. Com isso, Glauber remetia o cinema às vanguardas do início do século 20 que, sem preconceitos e separação das artes, ajudaram na formação da linguagem cinematográfica.

Deus e o diabo

Contudo, a obra-prima de Glauber e uma das maiores do Brasil continua sendo "Deus e o diabo na terra do sol", de 1964, concluído antes do golpe. Segundo colocado na lista definitiva da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), atrás apenas do vanguardista "Limite" (1931), de Mario Peixoto, "Deus e o diabo…" sintetiza o retrato de uma longa época de crença dos intelectuais na utopia iluminista de igualdade universal que tomou conta do mundo até os anos 1960.

No enredo, Antônio das Mortes é o espelho ficcional de Glauber, personagem que mostrará ao casal Manuel (Geraldo Del Rey) e Rosa (Yoná Magalhães) que a saída da miséria não vem pelas mãos da religião (o Beato Sebastião, que encarna o messianismo nordestino) nem da violência (o cangaceiro Corisco, que submete os mais fracos). Glauber mostra que o enfrentamento da miséria não se dá pela crença no tempo mítico, circular, mas por uma saída pela tangente, tão bem sintetizada na cena final do filme.

Quando a humanidade se dá conta de que o tempo é histórico, teleológico, ela percebe que o fruto que colhe no futuro é resultado da luta que trava no presente.

E se a utopia está combalida no presente por todas as tentativas de descrença, pelo liberalismo, pela desigualdade social, e até mesmo pela destruição do meio ambiente e as distopias do fim do mundo que se seguem ao anúncio de colapso do planeta, essa utopia ainda encontra ecos no cinema brasileiro contemporâneo pelo que Glauber Rocha representou e ainda representa quando quis pensar e colocar em prática a arte e a cultura do nacional-popular para indicar que a revolução só vem se for da vontade coletiva.

Editado por: Mariana Pitasse
Tags: artecinemacultura
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