Na contramão de especialistas, organizações internacionais e presidentes de outros países, Jair Bolsonaro (sem partido) fez pouco caso da pandemia de covid-19 e incentivou a população a encerrar o isolamento domiciliar, medida adotada em todo mundo como a mais eficaz contra a disseminação do coronavírus. Nas palavras do presidente, é hora de voltar a normalidade, reabrir escolas e acabar o clima de “terra arrasada”.
Bolsonaro também criticou o papel do jornalismo, afirmando que a imprensa está exagerando na cobertura da pandemia, voltando a chamá-la de “gripezinha” e que pessoas como ele, que tem um “histórico de atleta”, não precisam se preocupar com a doença. Além disso, ele novamente relacionou a cura do coronavírus com a cloroquina, medicação usada para doenças autoimunes e que ainda não tem eficácia comprovada contra o covid-19, tendo inclusive causado a morte de uma pessoa nos EUA na terça (25).
O pronunciamento foi rebatido instantaneamente por parlamentares, governos e organizações de saúde. O governador Paulo Câmara (PSB) afirmou no Twitter que as medidas e decretos adotados no estado serão mantidos “enquanto líderes de vários países tomam medidas necessárias para conter o avanço no novo Coronavírus, aqui no Brasil, em pronunciamento veiculado em Rede Nacional, o presidente Jair Bolsonaro vai contramão do que defendem autoridades sanitárias e o próprio Ministério da Saúde. Discurso que, lamentavelmente, comprova que o Brasil está sem comando num dos momentos mais desafiadores da história. O sacrifício é imenso, mas todo esforço tem o único objetivo de salvar vidas. Por isso, em PE, as medidas estão mantidas. É tempo de serenidade, união e trabalho”, afirmou.
Parlamentares também repercutiram a fala do presidente. O deputado federal Carlos Veras (PT-PE), apontou a irresponsabilidade do discurso e questionou “quantas vidas o Brasil precisa perder para o presidente entender a gravidade da situação">