Na segunda-feira (18), moradores de comunidades do município de Barcarena foram às ruas para protestar contra os danos ambientais causados pela mineradora Hydro. Desde quinta-feira ada (14), os moradores têm bloqueado rodovias que dão o às fábricas da multinacional.
De acordo com Fabiano Pereira do Movimento Livre dos Trabalhadores de Barcarena (MLTB), um grupo ocupou a frente da Prefeitura Municipal, impedindo o o dos funcionários ao prédio. Em outro ponto da cidade um segundo grupo de manifestantes bloquearam as portarias das empresas Albras e Alunorte para que os funcionários não entrassem; logo depois os moradores interditaram a Rodovia Transaluminio, que dá o a elas e ao porto da Companhia das Docas do Pará (CDP).
A manifestação repercutiu, e chegou à Noruega, já que o estado norueguês possui a maior parte das ações (34,3%) da Hydro. O jornal norueguês Dagens Næringsliv (Negócios de Hoje) noticiou em sua edição de domingo (17), a manifestação que ocorreu na semana ada.
José Araújo, da Comissão de Ética e Cidadania de Barcarena, afirma que os moradores das comunidades de Burajuba, Bom Futuro, Jardim Cabano I e II, Fazedinha, Itupanema, Água Verde, Novo Horizonte, Pedral, Tauá, Japiim, São Sebastião e Santa Rosa, são diretamente afetadas pelos crimes ambientais da Hydro e que as famílias querem ser ressarcidas pelos danos ambientais.
“São pessoas de baixa renda e de uma hora para outra alguém vem e joga no chão e diz que aquilo [terra] lá é da empresa, então eles estão querendo uma reparação por danos financeiros e por dano ambiental, principalmente a saúde deles, a saúde da maioria é abalada”, afirmou Araújo.
A cidade faz parte das manchetes dos jornais locais que denunciam os crimes ambientais de vazamentos de rejeitos das indústrias. O Laboratório de Química Analítica e Ambiental (Laquanam) da Universidade Federal do Pará (UFPA) apresentou um estudo em 2014 que apontou que a água consumida pela população local apresentava contaminação com elementos tóxicos, como chumbo, alumínio, cádmio e bário, em médias acima do permitido pelo Ministério da Saúde.
Em 2016, o Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Pará (MPPA) entraram na justiça contra o estado paraense e o município de Barcarena, exigindo fornecimento de água limpa para a população.
A chegada desde a década de 1980 de projetos industriais, portuários e logísticos, como a instalação das indústrias de alumina e alumínio da Albras e Alunorte, vem ocasionando deslocamento de famílias. A Hydro é a principal acionista das duas empresas. Segundo dados do boletim informativo Barcarena Livre Informa, elaborado por moradores, lideranças de movimentos populares e pesquisadores, entre os anos de 1979 a 2015 cerca de 10 mil pessoas foram retiradas dos locais onde viviam para dá lugar ao aos projetos.
Em nota, a empresa afirmou que tem acompanhado as manifestações e respeita a livre manifestação, e que está aberta ao diálogo. A empresa afirma ainda que “100% dos seus resíduos industriais são tratados e não são lançados nos rios da região”, e diz reconhecer que operação industrial gera impactos, mas a empresa segue “padrões rígidos de controle, monitoramento e prevenção para garantir uma operação sustentável respeitando as comunidades e o meio ambiente”.