A proposta de privatizações e concessões de equipamentos e serviços públicos, anunciada pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), é considerada uma demonstração de incapacidade de gestão pelo economista da Unicamp Guilherme Mello e pelo diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski. Para ambos, o projeto pode levar à exclusão da população mais pobre e ao sucateamento dos projetos menos rentáveis na cidade, além de ser uma forma de desobrigar o poder público a garantir o, estrutura e manutenção de serviços e equipamentos públicos para toda a população.
A gestão Doria anunciou em fevereiro, durante visita do prefeito a Dubai, nos Emirados Árabes, que o governo municipal pretende privatizar ou conceder a gestão de parques – inclusive do Ibirapuera, cartão postal da cidade –, serviço funerário, Bilhete Único, autódromo de Interlagos, estádio do Pacaembu, entre outros. Segundo a gestão, a cidade não tem condições financeiras de manter esses equipamentos e, com a parceria da iniciativa privada, a população teria o a serviços melhores. Porém, a gestão ainda não divulgou detalhes sobre a proposta.
“A iniciativa privada busca lucro. Pode prestar um bom serviço, desde que o ganho seja interessante. O poder público deve garantir universalização de o e o melhor serviço possível. São coisas que não se misturam. A privatização tende a causar problemas graves no futuro, porque se o lucro não crescer pode levar ao sucateamento ou a uma mercantilização cada vez maior do serviço. Tivemos um exemplo terrível, recentemente, nos presídios que foram privatizados. Crer que só por privatizar vai melhorar é um absurdo”, avaliou Mello.
Para ele, esse tipo de proposta busca transferir a responsabilidade da gestão dos equipamentos e da verba para a iniciativa privada. O que contraria o próprio discurso do prefeito, que na campanha dizia não ser político, mas um gestor. “Essa medida tira do poder público a capacidade decisória e aliena o povo de reivindicar políticas para aquele equipamento ou serviço, por que deixa de ser cidadão para ser consumidor. Se Doria foi eleito com um discurso de gestor, porque agora abre mão de gerir">